PM afasta 4 militares envolvidos em abordagem de baleado à queima-roupa em SP
OUTRO LADO: Secretaria de Segurança Pública diz que jovem agrediu e tentou pegar arma de PM; veja a câmera de segurança
Derick Toda
Thomaz Cunha
Fernanda Trigueiro
Wagner Lauria Jr.
A Polícia Militar afastou quatro PMs que participaram da abordagem truculenta que acabou com um disparo à queima-roupa contra um jovem, na quarta-feira (25), no Jardim D'abril, zona oeste de São Paulo.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que Jean Carlos, de 25 anos, agrediu e tentou pegar a arma de um policial, durante uma confusão generalizada em uma festa de Natal. Neste momento, outro militar, o soldado Fábio Barbosa de Oliveira, disparou nas costas da vítima.
+ "Polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes", afirma ministro da Justiça
Câmeras de segurança não mostram a suposta conduta violenta de Jean, que gravava a abordagem militar a mais de 1 metro de distância do policial que atirou. Câmeras corporais utilizadas pelos policiais serão analisadas na investigação.
Em nota ao SBT, a Polícia Militar afirmou que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) rigoroso e que "desvios de conduta não são tolerados" e "medidas cabíveis serão tomadas".
PMs tentaram tirar cones que bloqueavam rua para festa
Os militarem foram acionados para atender uma outra ocorrência e, no deslocamento, tentaram remover cones que bloqueavam a rua, onde um grupo de pessoas estava reunido para celebrar o natal.
Câmeras registraram o momento em que um dos policiais, ao descer da viatura, empurra um homem que estava com as mãos para trás, iniciando uma discussão, seguida de uma confusão generalizada. O homem foi detido durante a ocorrência.
As imagens mostram os militares dando golpes de cassetetes em várias pessoas do grupo até que um dos policiais dispara contra Jean Carlos, que estava distante da confusão. O tiro acertou as costas.
+Sistema de defesa aérea russo provocou queda de avião da Embraer no Cazaquistão, diz agência
Jean foi socorrido pelo grupo e levado ao Hospital Antônio Giglio, onde passou por cirurgia. O quadro de saúde dele é estável.
"O despreparo dos policiais fez com quem meu sobrinho fosse baleado. Ele não teve chance nenhuma de defesa. Infelizmente, a Polícia Militar está sendo jogada na lama por poucos policiais despreparados", diz Marcelo Pereira da Silva, tio da vítima.
O caso foi registrado no 89º Distrito Policial, no Jardim Taboão, Osasco. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a arma do militar foi apreendida.
O que os PM's disseram em depoimento?
Em depoimento à Polícia, os PM's alegaram que quando os cones foram retirados da rua, a equipe de policiais foi hostilizada e que a pessoa responsável pelos atos estava "nitidamente sob influência de álcool".
Além disso, de acordo com a versão dos policiais, o tiro foi efetuado após um dos agentes ser "cercado e derrubado com um chute desferido" por Jean. O boletim registrou a conduta de Jean como desobediência, resistência e desacato.
Já em relação à conduta do policial militar, a ação foi registrada como lesão corporal.
No entanto, de acordo com o boletim de ocorrência, foi em legitima defesa e pelo estrito cumprimento de dever legal com "excludente de ilicitude", ou seja, quando a responsabilidade civil ou penal de uma pessoa é eliminada ou reduzida em determinadas circunstâncias. Com isso, os agentes foram liberados após assinatura de um termo de compromisso.