Publicidade
Brasil

O que é nitazeno, opioide mais potente que heroína e fentanil encontrado em drogas sintéticas no Brasil

Cerca de 95% das apreensões de opioides no estado de São Paulo, entre julho de 2022 e abril de 2023, continham a substância

Imagem da noticia O que é nitazeno, opioide mais potente que heroína e fentanil encontrado em drogas sintéticas no Brasil
Nitazeno foi sintetizado inicialmente como medicamento, na década de 1950 | Reprodução/Freepik
,
Publicidade

Um substância chamada nitazeno, mais potente que a heroína e o fentanil, foi encontrada entre as drogas sintéticas apreendidas no Brasil. A descoberta foi divulgada em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

+ Bebê de 1 ano morre por overdose de fentanil em creche em Nova York

A partir de dados da polícia técnico-científica de São Paulo, os pesquisadores descobriram que 95% das apreensões de opioides no estado, entre julho de 2022 e abril de 2023, continham a substância. A maior parte das drogas estava associada a outros compostos ativos, com o canabinoide sendo o mais prevalente deles.

Cannabinoide foi composto mais associado ao nitazeno | Reprodução
Cannabinoide foi composto mais associado ao nitazeno | Reprodução
"O efeito de fumar um opioide potente junto com canabinóides sintéticos é imprevisível e a maioria dos usuários pode não estar ciente do que está usando", destaca o estudo.

O que é o nitazeno?

Segundo a publicação científica, a síntese da substância foi feita com intuito de ser comercializada como medicamento na década de 1950. No entanto, seu uso legal nunca foi liberado devido ao alto potencial de overdose, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda que a substância tivesse ido para o mercado ilegal após isso, houve poucos relatórios descrevendo nitazenos no mercado mundial de drogas ilícitas.

+ Cultivo de ópio cai 95% após proibição no Afeganistão, diz ONU

Apesar de ter sido sintetizada apenas na década de 50, começou a se espalhar anos depois. Segundo um relatório divulgado pelo Escritório das Nações Unidas para o Combate às Drogas e ao Crime, o aumento do consumo pode ter sido favorecido pela proibição do cultivo de papoula no Afeganistão, o que fez com o que o cultivo do ópio caísse 95%, e, consequentemente, diminuísse a produção de drogas como heroína, principalmente em outros locais em que a substância também se espalhou, como países da Europa, EUA e Canadá.

Hoje o nitazeno está presente principalmente nas "drogas K" (como K9 e K2, por exemplo), grupo de drogas sintéticas.

Número de substâncias psicoativas vem crescendo no país

O número de substâncias psicoativas cresceu no Brasil nos últimos anos. O estudo da USP e Unicamp identificou, entre julho de 2022 a abril de 2023, que um total de 140 drogas apreendidas por policiais continham um opioide, isolado ou misturado com outra subposição.

"Embora os opioides ilícitos não tenham sido historicamente significativos no Brasil, esses números aumentaram nos últimos anos. Essa mudança no cenário da droga está associada principalmente a opioides sintéticos, uma classe de novas substâncias psicoativas (NPS)", destaca a pesquisa.

O que são opioides?

De acordo com a pesquisa, os opioides são um composto geralmente utilizado para o tratamento da dor devido às suas propriedades farmacológicas eficientes com um alto efeito analgésico. Apesar disso, eles tem um "alto potencial viciante".

A papoula, que teve sua produção proibida no Afeganistão, é uma fonte natural desse tipo de substância, que pode ser usada sintetizada na heroína, mas também na morfina, utilizada para alívio de dor em hospitais.

"Antes do início dos bloqueios da pandemia de coronavírus, um aumento marcante nas mortes causadas por opioides sintéticos foi observado em contraste com a morfina e a heroína", mostra a análise.

O fentanil, por exemplo, um um opioide sintético até 50 vezes mais forte que a heroína, tornou-se o principal fator do aumento das mortes por overdose nos EUA. O nitazeno pode ser até 40 vezes mais potente do que o fentanil.

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade