Mototáxi em SP: "Prática ilegal", diz Nunes sobre serviço oferecido mesmo após decisão judicial
Justiça suspendeu serviço a pedido da Prefeitura de São Paulo até o julgamento da ação que questiona decreto proibindo mototáxi na capital

Flavia Travassos
Apesar de uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, do último dia 16, suspender novamente o serviço de mototáxi na capital paulista, empresas que oferecem as corridas por aplicativo continuam atuando na cidade. A Justiça determinou que é preciso aguardar o julgamento definitivo de uma ação de constitucionalidade que questiona o decreto municipal de 2023, que proíbe essa atividade.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirma que as empresas estão desrespeitando a decisão do Tribunal de Justiça.
“Quando você tem uma determinação judicial que proíbe uma atividade, quem concorre para o descumprimento, evidentemente está numa prática ilegal. Está proibido esse tipo de serviço por decisão judicial. Quem faz, infelizmente, tá incorrendo em um descumprimento também, solidário à decisão judicial”, disse Nunes.
Uber e 99 negam que estejam descumprindo a ordem judicial, e informaram que aguardam esclarecimentos ao Tribunal de Justiça sobre a mais recente decisão que interrompeu o serviço.
As empresas de aplicativo foram notificadas na última segunda-feira (19), e teriam até oito dias para confirmar que leram a intimação. Notificadas pelo Procon, Uber e 99 argumentaram que estão atuando dentro do prazo estipulado, sem qualquer ilegalidade.
Disputa judicial
O serviço de mototáxi chegou a ser oferecido por alguns dias em janeiro deste ano. Naquele mesmo mês, a Justiça determinou a suspensão imediata, que ficou em vigor até 14 de maio, quando a atividade foi liberada.
Contudo, a liberação durou apenas dois dias — tempo suficiente para uma única plataforma registrar pelo menos 230 mil viagens.
A administração Nunes argumenta que a postura da prefeitura em proibir o serviço na cidade é baseada em "dados criteriosos, técnicos, científicos", que apontam risco de acidentes e de mortes.
O prefeito lembrou que há uma discussão sobre o tema na Câmara Municipal.
“Existe na Câmara uma discussão sobre esse tema, onde um desses projetos prevê que seria possível autorizar essa atividade quando o número de mortes na cidade reduzir”, disse.
Serviço divide opiniões
Na opinião de Eduardo Santana, que trabalha como motoboy, o serviço de mototáxi é uma opção eficiente. “Eu acho uma forma mais rápida de se locomover, porque, dependendo do trânsito, é bem mais fácil. E bem mais barato também”, comenta.
Já a entregadora Daniela de Camargo vê com cautela. “Eu vou falar por mim, eu não usaria, por causa do risco também. Mas o custo-benefício, o valor, é bem mais baixo”, observa.
Para o entregador Renato Vicente, a regulamentação pode ser um caminho. “Se regulamentar e ter as leis certinhas e ter os cursos, eu acho que consegue sim, dá certo”, afirma.