No Brasil, 6 em cada 10 professores se formam em cursos a distância
Em 10 anos, número de concluintes de cursos de docência na modalidade EAD saltou de 74 mil para 133 mil, mostra estudo do Todos Pela Educação


Emanuelle Menezes
A formação de professores no Brasil se tornou, majoritariamente, a distância. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, elaborado pelo Todos Pela Educação e atualizado nesta quinta-feira (30), seis em cada 10 docentes se formaram em cursos de licenciatura EAD (Educação a Distância) em 2024.
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Em 2014, menos da metade (34%) dos formados em cursos de licenciatura vinha dessa modalidade. Dez anos depois, esse percentual quase dobrou, chegando a 66%. O estudo, baseado em dados do Censo da Educação Superior 2024, mostra que o número de concluintes em cursos de docência saltou de 74 mil para 133 mil em 10 anos – um aumento de 79% na formação de professores via EAD.

Entre 2014 e 2024, o número de matrículas em cursos de licenciatura a distância dobrou, passando de 534 mil (37%) para 1,18 milhão (70%). A expansão foi impulsionada, sobretudo, pela rede privada, que saltou de 440 mil para mais de 1 milhão de matrículas.

Enquanto isso, os cursos presenciais seguiram o caminho oposto: caíram quase pela metade, de 911 mil para 525 mil matrículas no mesmo período. A rede pública manteve números estáveis, sem acompanhar o ritmo de crescimento do ensino remoto.
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Pedagogia lidera formações a distância
O curso de Pedagogia concentra o maior número de concluintes EAD: foram mais de 80 mil, sendo 77 mil em instituições privadas. Nos cinco principais cursos de formação de professores, o ensino a distância já supera o presencial, tanto em oferta quanto em número de formados.
Segundo o levantamento, a rede privada domina a formação docente, tanto na abertura de vagas quanto na quantidade de diplomas emitidos.
Para Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, o avanço acelerado do ensino a distância na formação docente traz preocupações sobre a qualidade do ensino básico no país.
"Permitir que o EAD seja hoje a principal via de formação inicial docente é um erro estratégico que compromete o futuro da Educação Básica. O país precisa romper com esse ciclo de desvalorização, fortalecendo a oferta de cursos presenciais de excelência, com acompanhamento efetivo e alto padrão de exigência", afirma Priscila.









