Um terço dos municípios brasileiros não paga piso salarial para professores
Roraima (33,3%) e Espírito Santo (37%) são os piores estados no ranking; no Ceará, 98,1% das cidades pagam pelo menos o valor-base

Emanuelle Menezes
Um terço dos municípios brasileiros não pagou o piso salarial do magistério a professores da rede pública, com jornada de 40 horas semanais, em 2023. Os dados são do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, divulgado pelo movimento Todos Pela Educação nesta quinta-feira (25).
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Em 2023, apenas 68,5% das cidades cumpriam a legislação e pagavam aos seus professores mais do que R$ 4.420,44 (salário-base estipulado para aquele ano). O Sudeste é a região que pior paga seus docentes – apesar de ser a mais rica do Brasil: quase 45% das prefeituras ignorava o Piso do Magistério, instituído em 2008.
🔎 O piso do magistério é o salário-base mínimo para professores da educação básica pública no Brasil com jornada de 40 horas semanais. Este valor é reajustado anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) e deve ser respeitado por todos os estados e municípios. Em 2025, ele foi fixado em R$ 4.867,77.
Ceará (98,1%) e Piauí (93,8%) lideram o ranking de estados com maior proporção de municípios pagando o piso salarial, enquanto Espírito Santo (37%) e Roraima (33,3%) aparecem entre os piores índices (veja ranking abaixo).
Mesmo quando recebem o piso, os professores seguem em desvantagem salarial. Em 2024, o rendimento bruto médio dos profissionais do magistério da rede pública de Educação Básica foi de R$ 5.481,01, o equivalente a 86,1% da média dos demais profissionais com o mesmo nível de escolaridade.
A série histórica mostra que, desde 2014, a distância entre os rendimentos dos docentes e dos demais trabalhadores com diploma superior vem diminuindo, mas a equiparação ainda não foi alcançada.
- Em 2014, professores da rede pública ganhavam em média 71% do salário de outros profissionais de nível superior;
- Esse percentual subiu para 83% em 2022 e chegou ao pico de 87% em 2023, caindo levemente para 86% em 2024;
- Enquanto os demais profissionais receberam, em média, R$ 6.368,97 em 2024, os docentes tiveram remuneração média de R$ 5.481,01.
Cinco melhores estados
- Ceará – 98,1% dos municípios cumprem o piso
- Piauí – 93,8%
- Mato Grosso do Sul – 91,3%
- Rondônia – 90,2%
- Maranhão – 87,5%
Cinco piores estados
- Roraima – 33,3%
- Espírito Santo – 37%
- Acre – 42,1%
- Minas Gerais – 46,6%
- Rio de Janeiro – 50%