Nível da Lagoa dos Patos aumenta e Rio Grande (RS) tem 7 zonas em alerta
Atualmente, mais de 600 pessoas estão desabrigadas no município
O município de Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul, ainda tem sete zonas em alerta, de acordo com o mapeamento da prefeitura para o risco de enchentes.
Nesta terça-feira (21), o Mercado Público voltou a ficar rodeado de água. O vento empurrou a água da Lagoa dos Patos contra a região central da cidade.
"Aparentemente, do que eu vi ontem, hoje ela subiu um pouco mais. Acho que o vento está soprando para cá e veio um pouco mais água, infelizmente”, desabafa o segurança Alex Gonçalves.
O nível da Lagoa dos Patos ficou mais de 25 metros acima da altura do cais. Várias ruas estão bloqueadas. A prefeitura orienta que os motoristas evitem áreas de risco. As aulas estão suspensas até o dia 29 de maio. Atualmente, há mais de 600 pessoas desabrigadas no município.
Quem tenta manter a rotina enfrenta dificuldade. A caminho do trabalho, a auxiliar administrativa Carmem Santos conta que precisou calçar as galochas para caminhar pelas ruas alagadas. "Está inacessível, por isso, tive que trocar os calçados para chegar no meu trabalho. É tudo muito novo para nós”, revela.
Mesmo com as chuvas, as botas de borracha estão em falta na cidade. Cledir Alves, dono de uma loja de agronegócio, conta que mais de duzentas botas já foram vendidas desde o início das enchentes. "A procura está muito grande, então a gente não está conseguindo comprar porque as fábricas não estão tendo muito pra mandar. Ontem mesmo chegaram algumas botas e números pequenos não vieram. Tem muita procura de mulheres”, revela.
Uma projeção feita por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande indica que, nesta quarta-feira (22), a Lagoa dos Patos deve atingir o nível máximo. Toda a região banhada pela lagoa está em alerta para enchentes e inundações até sexta (24).
Nos locais mais afetados, a profundidade da água pode chegar a 75 centímetros. O mototaxista Carlos Jorge da Costa relata que mora em um dos bairros inundados e não pode voltar para casa. Por isso, ele tenta de longe conferir a situação da residência.
"Lá está pela cintura, mais ou menos. Moro há mais de 20 anos aqui e nunca tinha visto dessa maneira. Eu perdi tudo. Eu tô na terceira enchente, mas desse jeito eu nunca tinha visto”, desabafa.