Ninho do Urubu: Famílias de vítimas protestam após absolvição dos réus

A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio no Ninho do Urubu (AFAVINU) divulgou nota nesta quarta-feira (22) manifestando indignação com a decisão da Justiça do Rio de Janeiro que absolveu sete acusados pela tragédia que matou dez jovens jogadores das categorias de base do Flamengo em 2019.

Na nota, a associação afirmou que a decisão representa uma falha grave do sistema de Justiça, por não reconhecer a responsabilidade penal de ninguém pela morte dos adolescentes.

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O grupo declarou que o resultado enfraquece o papel pedagógico das instituições judiciais e reforça a necessidade de mobilização civil para exigir fiscalização e transparência em centros de formação esportiva.

A advogada Paula Wolf, que representa o jovem Jorge Eduardo, sobrevivente do incêndio, afirmou que o resultado “causa indignação e tristeza”.

“É um resultado que causa indignação, tristeza. Não apenas às famílias que perderam seus filhos, seus irmãos, netos. Mas também a todo mundo que acreditava, e ainda acredita, na necessidade de identificar e punir os responsáveis por essa tragédia que poderia e deveria ter sido evitada”, disse a advogada.

Decisão

A sentença, assinada pelo juiz Tiago Fernandes Barros, da 36ª Vara Criminal da Capital, considerou a ação improcedente e absolveu os réus dos crimes de incêndio culposo e lesão grave.

Outros quatro acusados já haviam sido absolvidos anteriormente no mesmo processo. Ainda cabe recurso da decisão.

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O processo, que tramitava desde janeiro de 2021, envolvia dirigentes do Flamengo e engenheiros da empresa responsável pelos contêineres onde os atletas dormiam.

Segundo as investigações, o fogo teria começado por um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado que funcionava 24 horas por dia em uma instalação provisória.

Os réus absolvidos foram:

• Márcio Garotti, diretor financeiro do Flamengo entre 2017 e 2020
• Marcelo Maia de Sá, diretor-adjunto de patrimônio do Flamengo
• Danilo Duarte, engenheiro responsável técnico da NHJ, empresa de contêineres
• Fabio Hilário da Silva, engenheiro responsável técnico da NHJ
• Weslley Gimenes, engenheiro responsável técnico da NHJ
• Claudia Pereira Rodrigues, responsável pela assinatura dos contratos da NHJ
• Edson Colman, sócio da Colman Refrigeração, que realizava manutenção nos aparelhos de ar condicionado

Em maio deste ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro pediu a condenação dos réus por incêndio culposo, alegando negligência na instalação e manutenção dos equipamentos.

No entanto, a Justiça entendeu que não houve provas suficientes para responsabilizá-los criminalmente.

Ministério Público vai recorrer

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) já havia pedido, em maio deste ano, a condenação de todos os acusados, após ouvir mais de 40 testemunhas.

Nesta quarta-feira (22), a Promotoria de Justiça junto à 36ª Vara Criminal informou que vai recorrer da decisão judicial que absolveu os sete réus.

Incêndio no Ninho

No dia 8 de fevereiro de 2019, 10 atletas da categoria de base do Flamengo morreram no alojamento do centro de treinamento do clube, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio.

Eles dormiam no local quando um incêndio começou – a estrutura dos dormitórios, com contêineres interligados, tinha materiais inapropriados, como apurado depois.

Os meninos mortos no incêndio no Ninho do Urubu tinham entre 14 e 16 anos. Outros três jogadores ficaram gravemente feridos.

Relembre quem são as vítimas do incêndio no Ninho do Urubu:

• Christian Esmério, goleiro de 15 anos
• Athila Paixão, atacante de 14 anos
• Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, zagueiro de 14 anos
• Bernardo Pisetta, goleiro de 14 anos
• Gedson Santos, atacante de 14 anos
• Jorge Eduardo Santos, volante de 15 anos
• Pablo Henrique da Silva Matos, zagueiro de 14 anos
• Rykelmo de Souza Viana, volante de 16 anos
• Samuel Thomas Rosa, lateral-direito de 15 anos
• Vitor Isaías, atacante de 15 anos