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Atleta que sofreu injúria racial e reagiu com soco recebe pena maior que de agressor

Volante que chamou zagueiro do Nacional-PR de "macaco" foi condenado a 7 jogos de suspensão; vítima de racismo levou 10 jogos de gancho

Imagem da noticia Atleta que sofreu injúria racial e reagiu com soco recebe pena maior que de agressor
Caso de injúria racial ocorreu durante partida entre Batel e Nacional-PR | Reprodução
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O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) condenou o atleta que reagiu com um soco em um caso de injúria racial a uma pena maior do que o agressor. A decisão foi tomada em sessão de julgamento da Segunda Comissão, na noite desta segunda-feira (21).

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O caso de racismo ocorreu durante partida entre Batel e Nacional-PR, válida pela Taça FPF, no último dia 4, no Paraná. Imagens do jogo mostram quando Diego, ex-volante do Batel, chama o zagueiro Paulo Vitor (PV), do Nacional-PR, de "macaco".

Diego foi punido com sete jogos de suspensão e multa de R$ 2 mil. Ele foi julgado pelo artigo 243-G, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que pune atos discriminatórios como racismo e homofobia. Em sua defesa, o volante alegou que teria xingado o zagueiro de "malaco". A versão, no entanto, não foi aceita pelos auditores.

Já o zagueiro PV, que cuspiu no adversário e reagiu à injúria racial com um soco, foi punido com 10 jogos de suspensão: quatro jogos pelo soco e seis pelo cuspe.

Caso de injúria racial ocorreu durante partida entre Batel e Nacional-PR | Reprodução
Caso de injúria racial ocorreu durante partida entre Batel e Nacional-PR | Reprodução

Dos quatro auditores do TJD-PR, José Leandro Scandelari foi o único a votar pela absolvição de Paulo Vitor pelo soco em Diego.

O Batel foi absolvido por unanimidade pela suspeita de acobertamento do jogador. O clube havia sido denunciado pelo parágrafo 1º do artigo 243-G, que pune a entidade esportiva por atos de discriminação realizados por pessoas vinculadas a ela.

O advogado do Nacional-PR, Marlon Lima, afirmou em nota que vai entrar com recurso contra a decisão de 1ª instância. "O clube tomará todas as medidas judiciais cabíveis, para que de fato a Justiça seja feita, renovando seu compromisso contra quaisquer práticas de atos discriminatórios, as quais são inaceitáveis", disse.

O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná não se pronunciou sobre a decisão.

Relembre o caso

Durante partida entre Batel e Nacional-PR, em Guarapuava, o zagueiro Paulo Vitor denunciou ter sido vítima de ofensas raciais proferidas pelo volante Diego, do Batel. Em resposta, o árbitro Diego Ruan Pacondes da Silva aplicou o Protocolo Global Antirracismo da FIFA, cruzando os punhos em "X" e interrompendo a partida por cerca de 18 minutos.

Após a denúncia, PV reagiu desferindo um soco no volante, que caiu no gramado e precisou de atendimento médico. O jogador do Nacional foi expulso imediatamente.

A Federação Paranaense de Futebol (FPF) repudiou o ocorrido e ressaltou seu compromisso com a luta contra o racismo no futebol. Em nota, a entidade destacou que mantém campanhas permanentes antirracismo nos estádios, redes sociais e site.

O Batel, por sua vez, demitiu o volante. O clube reiterou seu compromisso com o respeito, a igualdade e a rejeição a qualquer forma de discriminação.

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