Um quinto dos jovens entre 11 e 17 anos já teve contato com conteúdo sexual na internet, mostra pesquisa
Levantamento aponta que adolescentes receberam mensagens, visualizaram algo ou foram convidados a conversar sobre o tema

Murillo Otavio
Um quinto dos jovens entre 11 e 17 anos (20%) teve contato com conteúdos sexuais na internet. Os dados fazem parte da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e divulgada nesta quarta-feira (22).
📋 Metodologia — O levantamento entrevistou 2.370 pessoas de 9 a 17 anos e o mesmo número de pais ou responsáveis, entre março e setembro deste ano. O objetivo foi entender como os adolescentes utilizam a internet e de que forma lidam com os riscos e oportunidades do ambiente digital.
O estudo mostra que os jovens receberam mensagens ou visualizaram conteúdos sexuais publicados por terceiros, além de terem sido solicitados a enviar fotos, vídeos ou conversar sobre sexo. Em geral, os meninos tiveram mais contato com esse tipo de material: 12% deles, contra 9% das meninas.
Ainda segundo a pesquisa, 64% dos jovens dessa faixa etária afirmaram ter bloqueado alguém com quem não queriam conversar.
Quando questionados sobre estratégias de proteção à privacidade online, oito em cada dez disseram saber excluir pessoas da lista de contatos ou amigos (85%), e identificar quais informações devem ou não compartilhar na internet (79%). Apesar disso, apenas 57% afirmaram saber como verificar se um site é confiável.
Em resposta ao SBT News, Luisa Adib, coordenadora da pesquisa, afirmou que o conjunto de dados serve para fomentar o debate e reforçar a segurança no ambiente digital.
“Essa população [os jovens] está cada vez mais conectada na internet e cada vez mais precoce. Por isso, é importante que a gente analise os dados para fomentar o debate político e ações públicas, que garantam proteção e que possamos oferecer espaços seguros na internet”, disse.
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Mediação dos pais
O levantamento também investigou com que frequência pais e responsáveis orientam crianças e adolescentes sobre o uso seguro da internet.
O estudo revelou que 44% dos adultos conversam com os filhos sobre o que fazem online, enquanto 39% afirmam ajudar os mais jovens a realizar atividades virtuais que não compreendem.
De acordo com Luisa Adib, a conversa continua sendo a forma mais efetiva para garantir segurança nos ambientes digitais.
“Os responsáveis, de maneira geral, não têm recursos técnicos para garantir maior segurança. Por isso, as conversas são mais comuns. A orientação é a forma mais efetiva para criar um ambiente de segurança para que a criança e o adolescente compartilhem os eventuais casos”, afirmou.
O levantamento apontou, ainda, que 56% dos jovens afirmaram que seus responsáveis “sempre ou quase sempre” compartilham conteúdos encontrados na internet, como notícias, vídeos e memes.
Por outro lado, parte dos jovens ajudam os responsáveis nos ambientes digitais. 31% disseram auxiliar adultos da família todos os dias ou quase diariamente em tarefas na internet que os mais velhos não sabem executar.
Outros dados da pesquisa
- Pela primeira vez, o levantamento investigou o uso de inteligência artificial (IA) generativa entre crianças e adolescentes e constatou que 59% deles utilizam a tecnologia para realizar pesquisas escolares ou estudar. Outros usos incluem busca por informações (42%), criação de conteúdo — como textos e imagens (21%) — e conversas sobre problemas pessoais ou emoções (10%).
- 92% da população de 9 a 17 anos usa a internet no país, o que representa cerca de 24,5 milhões de crianças e adolescentes. 93% dos que vivem em áreas urbanas e 89% vivem em áreas rurais.
- O celular segue como o principal meio de acesso à internet, utilizado por 96% desse público. Desses, 74% acessam a rede várias vezes ao dia. A televisão aparece em segundo lugar (35%) e o computador de mesa ou portátil em terceiro (8%).
- Entre as plataformas mais utilizadas por usuários de 9 a 17 anos, o WhatsApp lidera, sendo acessado “várias vezes ao dia” por 53% dos entrevistados. Em seguida, aparecem o YouTube (48%), o Instagram (48%) e o TikTok (46%). A pesquisa revela ainda que 85% possuem perfil em pelo menos uma dessas plataformas.
- Mais da metade dos jovens de 11 a 17 anos relatou ter sido exposta à publicidade em diferentes meios digitais: 55% em redes sociais, 52% em sites de vídeos e 52% na televisão. Já a publicidade em sites de jogos atingiu 26% desse público. Produtos (65%) e mostrando itens recebidos de marcas (58%).
- Pela primeira vez, a pesquisa investigou a exposição de crianças e adolescentes a vídeos que promovem jogos de apostas. Entre os usuários de 11 a 17 anos, 53% disseram ter visto esse tipo de conteúdo online, índice que sobe para 63% entre adolescentes de 15 a 17 anos.
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