Na Paulista, ato de Bolsonaro reúne apoiadores e pede justiça por condenados a tentativa de Golpe
Ex-presidente mantém discurso anti-STF e mobiliza base para 2026; Tarcísio de Freitas evitas ataques ao Supremo e mira críticas ao PT

SBT News
Em mais um ato contra o Supremo Tribunal Federal (STF) por condenações de bolsonaristas que participaram das invasões do 8 de janeiro, Jair Bolsonaro juntou centenas de militantes na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (29). Desta vez, em vez de focar no discurso 'Anistia Já', a manifestação trouxe o tema “Justiça Já”, mantendo como eixo central o pedido para penas mais brandas aos condenados pela invasão e destruição da sede dos Três Poderes, após as eleições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Vestidos de verde e amarelo, apoiadores lotaram a avenida com bandeiras do Brasil e faixas em defesa dos presos. O protesto foi também uma reação às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou Bolsonaro e outros 30 aliados réus por tentativa de golpe após as eleições de 2022, e que avança no corte.
Em comparação com o ato de abril, que contou com a presença de sete governadores, o evento deste domingo teve um quórum menor: apenas quatro chefes de Executivo participaram: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC) e Romeu Zema (Novo-MG). Também estiveram presentes senadores, deputados federais e estaduais da base bolsonarista.
+ Bolsonaro inelegível: o que acontece com o ex-presidente após condenação do TSE?
Com forte tom religioso e nacionalista, líderes políticos e religiosos retomaram lemas da campanha do ex-presidente, como “Deus, pátria e família”, e defenderam pautas como o voto impresso, além de criticar o sistema político, as decisões do STF e da gestão do país, atualmente realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mesmo com Bolsonaro inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pastores e parlamentares incitaram os gritos de “Volta, Bolsonaro”, que ecoaram entre os manifestantes.
Em discurso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), evitou ataques diretos ao STF, mas criticou o governo Lula e à condução da economia, dizendo que “o Brasil não aguenta mais a desfaçatez, o gasto desenfreado” e que “quem paga essa conta do juro alto é vocês, o pequeno empresário”.
Tarcísio ainda fez elogios a Bolsonaro e utilizou um tom de pré-candidatura: “Vamos dar esta resposta no ano que vem, vamos nos reencontrar com a esperança, a prosperidade, com nossa vocação de ser grande.” Em referência à inelegibilidade do ex-presidente, afirmou que “não há democracia tirando uma pessoa das urnas.”
+ Cid afirma que Bolsonaro buscava fraude nas urnas para justificar golpe
Sob gritos de “Fora, Xandão”, o pastor Silas Malafaia, organizador do ato, fez duras críticas ao STF e classificou como “legalização da censura” a decisão que obriga plataformas digitais e big techs a removerem conteúdos considerados criminosos, mesmo sem ordem judicial. Segundo ele, a medida é subjetiva e não pode ficar a cargo das empresas. “Isso é calar o povo”, afirmou, em referência ao que considera uma violação da liberdade de expressão.
Jair Bolsonaro foi o último a discursar e iniciou sua fala emocionado, relembrando desafios como a pandemia de Covid-19 e o desastre de Brumadinho, que marcaram seu governo.
Aos poucos, o tom mudou. Mesmo após ter adotado uma postura contida durante o recente depoimento ao ministro Alexandre de Moraes (na ação que responde por tentativa de Golpe) -, quando chegou a sugerir seu nome como vice em 2026 -, o ex-presidente voltou a criticar duramente o Supremo Tribunal Federal. Disse que o inquérito no qual é réu não busca apenas prendê-lo, mas “eliminá-lo”.
Bolsonaro afirmou ainda que a “mão pesada do STF fez-se valer na balança” das eleições de 2022, atribuindo sua derrota à atuação da Corte. Disse também que a esquerda teria articulado os atos de 8 de janeiro para culpá-lo, afirmando que mais de 200 imagens, que comprovariam sua inocência, foram apagadas. Também classificou como desproporcionais as penas aplicadas aos condenados.
O ex-presidente terminou com foco nas eleições legislativas de 2026. Pediu que seus apoiadores trabalhem para eleger a maioria no Congresso.
“Me deem 50% da Câmara e do Senado que eu mudo o destino do Brasil. E nem preciso ser presidente. O Valdemar me mantendo como presidente de honra do PL, faremos isso por vocês.”
Segundo Bolsonaro, quem controlar o Congresso “vai mandar mais que o presidente da República”. E concluiu: “Não interessa onde eu esteja, aqui ou no além.”