Mulheres são maioria no Ensino Superior, mas minoria nas áreas de ciência e tecnologia
Dados do IBGE mostram que 60% dos alunos de graduação são mulheres, mas elas representam 91% das áreas de serviços sociais e assistência
SBT News
As mulheres já são maioria no Ensino Superior do Brasil, 60,3% dos matriculados, mas ainda são minoria nas áreas de Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação (15%) e Engenharia (22,7%). Por outro lado, são 91% dos alunos dos cursos das áreas de Serviço Social, Gerontologia e Assistência a idosos e pessoas com deficiência.
“Nos últimos dez anos, não observamos um aumento da representatividade feminina nesses cursos. Pelo contrário, na área em que há mais dificuldade, que é dos cursos de TIC [Tecnologia da Informação e Comunicação], houve a maior queda, passando de 17,5% para 15,0% de mulheres concluintes”, afirma Betina Fresneda, analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou nesta sexta-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, o estudo Estatísticas de Gênero. De 2012 a 2022, a proporção de mulheres em áreas de Ciência e Tecnologia caiu de 23,2% para 22%.
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Para a economista Barbara Cobo, coordenadora do estudo, além dos valores sociais, há uma relação direta entre a dedicação das mulheres aos afazeres domésticos e as decisões delas em relação aos estudos e à profissão. “São escolhas condicionadas: o fato de serem criadas para cuidar faz com que, mesmo ao entrar no mercado de trabalho, elas acabem selecionando cursos que continuem fazendo cuidado, como se isso fosse uma atribuição feminina", afirma a especialista. "O fato de não serem muito bem representadas nas carreiras mais valorizadas no mercado mostra isso".
A economista destaca ainda a diferença da dedicação de tempo das mulheres aos afazeres domésticos: enquanto eles gastam 11,7 horas por semana, em média, em tarefas de casa, elas gastam 21,2 horas. O peso é ainda maior para as mulheres negras: elas usam 22 horas, em média, em afazeres domésticos, enquanto as brancas gastam 20,4 horas.
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A falta de mulheres nas áreas de ciência e tecnologia também está ligada a estereótipos de gênero, que reforçam a aptidão das mulheres para áreas de cuidado e colocam em dúvida sua habilidade para temas como a matemática. Um estudo feito em 2022 em 120 países pela Unesco mostra que os meninos têm um desempenho melhor na disciplina nos primeiros anos de escola, mas a diferença desaparece ao longo dos anos de estudo, mesmo em países mais pobres.
Educação básica
O estudo do IBGE também analisa a frequência escolar por gênero em diferentes faixas etárias. De 6 a 10 anos, não há diferença. Mas, entre adolescentes de 15 a 17 anos, há uma diferença de 0,6 ponto percentual em favor das mulheres. A diferença aumenta na faixa de 18 a 24 anos: 32,6% para as mulheres frequentam a escola e 28,1% dos homens.
As médias escondem, contudo, que as mulheres negras ainda têm menos acesso à educação. Entre 18 e 24 anos, enquanto 39,7% das mulheres brancas estudam, só 27,9% das pretas e pardas estão na escola.