MPT resgata 163 operários chineses em condições análogas à escravidão nas obras da BYD na Bahia
Outro lado: Montadora afirmou que rescindiu com terceirizada responsável pela contratação dos trabalhadores
Lara Curcino
Uma equipe do Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou, nesta terça-feira (24), 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão nas obras da fábrica da montadora de carros elétricos BYD, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
De acordo com o MPT, os trabalhadores eram terceirizados por uma empresa chinesa, cujo nome não foi divulgado. A equipe do órgão constatou que os operários dormiam em camas sem colchão e tinham apenas um banheiro para cada 30 pessoas.
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No alojamento também foram encontradas panelas no chão, comida sem refrigeração para serem servidas no dia seguinte e fornecimento de água diretamente da torneira, sem tratamento.
A força-tarefa do MPT também descobriu que a empresa terceirizada retinha os passaportes dos trabalhadores e confiscava cerca de 60% dos salários mensais, sendo que os outros 40% eram pagos em moeda chinesa para evitar o abandono do emprego.
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"Caso um trabalhador tentasse rescindir o contrato de trabalho após seis meses, deixaria o país sem receber efetivamente nada pelo seu trabalho, já que o desconto da caução, da passagem de vinda ao Brasil e o pagamento da passagem de retorno, na prática, configuraria confisco total dos valores recebidos pelos trabalhadores ao longo da relação de trabalho", informou o MPT.
Após o Ministério Público do Trabalho divulgar a operação, a BYD comunicou, em nota, que rescindiu o contrato com a empresa terceirizada que era responsável pela contratação dos operários.
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"A BYD Auto do Brasil reafirma que não tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana. Diante disso, a companhia decidiu encerrar imediatamente o contrato com a empreiteira", afirmou a montadora.