Militarismo é impossível para o Brasil, diz Sarney ao SBT
Ex-presidente afirma que transição para a democracia se deu com as Forças Armadas e não contra os militares

Soane Guerreiro
Márcia Lorenzatto
Vinícius Nunes
O ex-presidente José Sarney (MDB), 94 anos, concedeu uma entrevista exclusiva ao SBT e afirmou que o militarismo, muito defendido por parte da direita no Brasil, é impossível para o país. O ex-mandatário deu a declaração nesta sexta-feira (21) em sua casa, em Brasília.
“Nós temos uma grande dívida, todos nós com elas [Forças Armadas], porque elas participaram sempre da vida do país. Agora, em alguns momentos, houve uma participação, que era muito daquilo que ocorria na América Latina, que era realmente a da intervenção das Forças Armadas. Criou o militarismo. E o que é o militarismo? É a agregação da força política ao poder militar, o que é impossível”, disse.
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Sarney relembrou que, no momento da transição democrática, havia uma ala dos militares simpáticos ao regime e que ele, como o chefe das Forças Armadas, teve que se impor como tal. “Eu era o comandante chefe das Forças e o dever de todo comandante é zelar pelos seus subordinados. Então, eu não quero aquelas ordens do dia com mensagens subliminares. Ninguém fala. Quem fala é o presidente, porque ele é o comandante chefe das Forças Armadas e quem vai defendê-lo sou eu”, declarou.
Houve o temor, segundo Sarney, que houvesse uma represália dos militares contra os civis que atuavam pela retomada da democracia. O problema foi contornado pela participação das Forças Armadas no processo de transição.
“Eu sou o comandante chefe, mas quero dizer que a transição será feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Com isso, nós estabelecemos uma maneira de trabalhar. Como ocorreu: que elas voltassem aos quartéis, voltasse a suas funções institucionais e jamais agregasse ao militarismo, que é o poder político e o poder militar”, afirmou.