Mais de 23 milhões de brasileiros vivem em áreas dominadas por facções ou milícias
Maioria dos casos estão concentrados nas grandes cidades, capitais e regiões metropolitanas
Camila Stucaluc
Ao menos 23,5 milhões de brasileiros maiores de 16 anos vivem em áreas dominadas por facções criminosas ou milícias. É o que aponta um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), encomendado pelo Datafolha. No geral, os casos estão concentrados nas grandes cidades, capitais e regiões metropolitanas.
“Esses dados demonstram o impacto da presença do crime organizado no dia a dia dos brasileiros, sobretudo nas grandes cidades, o que têm despertado atenção maior de jovens e adultos da faixa etária entre 16 e 24 anos”, explicou Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP.
Lima reforçou que essa percepção também ocorre em cidades do interior que se transformaram em pontos estratégicos da cadeia de distribuição de drogas e outros negócios ilícitos das duas principais facções criminosas do país. Atualmente, segundo ele, o principal desafio dos governos é retomar o controle sobre esses territórios.
“O Estado brasileiro está diante de um imenso desafio, que passa pela retomada do controle sobre territórios, a identificação do caminho percorrido pelo dinheiro desses grupos nacionais e transnacionais e também pelo controle de produtos do crime a partir do rastreamento de mercadorias utilizadas para lavagem de recursos”, disse.
Vigilância privada e Cracolândias
O levantamento aponta ainda que 16,5% dos 2.045 entrevistados, ou cerca de 28 milhões de pessoas, afirmaram que convivem com Cracolândias, ou áreas de uso de drogas a céu aberto, em seu trajeto para casa, trabalho ou escola.
+ Centro do Crime: Como o tráfico na Cracolândia se alimenta do dinheiro dos lixões
Um dos principais exemplos é a Cracolândia de São Paulo. Atualmente, os usuários se concentram nas imediações do centro da capital, incluindo as avenidas Duque de Caxias, Cásper Líbero, Mauá e no bairro Campos Elíseos. No fim de 2023, os recorrentes tumultos e roubos fizeram com que a maioria dos comerciantes deixassem os locais.