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Centro do Crime: Como o tráfico na Cracolândia se alimenta do dinheiro dos lixões

Série do SBT Brasil mostra nova estratégia da polícia para impedir que o dinheiro da reciclagem de lixo alimente o vício dos dependentes químicos no centro de SP

Centro do Crime:  Como o tráfico na Cracolândia se alimenta do dinheiro dos lixões
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O SBT Brasil estreia nesta terça-feira (12) a série de reportagens de cinco episódios “Centro do Crime”, que vai mostrar como a violência dominou a Cracolândia, na região central de São Paulo.

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Com exclusividade, os repórteres Fábio Diamante e Robinson Cerântula mostram uma nova abordagem da Polícia Civil que busca impedir que o dinheiro chegue aos dependentes químicos, reduzindo, de forma indireta, o tráfico de drogas da região por meio da diminuição da compra das pedras de crack.

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Seis meses de investigações, feitas em sigilo, levaram os policiais a uma das principais fontes de financiamento para o consumo de entorpecentes na Cracolândia. Como boa parte dos usuários não sai da área central, a fonte só podia estar na própria região. A conclusão: são ao menos 45 lixões, sucatas ou pontos de reciclagem que compram plástico, papelão e outros objetos dos usuários de drogas por valores abaixo do mercado.

Crack, uma história do vício

O primeiro registro do crack na cidade de São Paulo foi no final da década de 1980. A droga super potente e barata se espalhou rapidamente e fez com que, ao longo dos anos, por meio do crime organizado, centenas de dependentes químicos passassem a se concentrar na região, consumindo a céu aberto, 24 horas por dia.

O local já passou por diferentes gestões públicas, operações policiais, prisões e apreensões, que, até agora, só conseguiram fazer o fluxo de drogas mudar de endereço ao menos cinco vezes.

Agora, na Rua dos Protestantes, segundo o delegado Jair Barbosa Ortiz, a nova tentativa de combater o crime mira as empresas de reciclagem. Cada estabelecimento do tipo pode pagar R$ 4 mil por dia para os dependentes pelo material coletado. Como são cerca de 20 lixões só na região, quase R$ 80 mil vão para as mãos dos usuários, sendo convertidos em seguida para o tráfico de drogas.

Situação precária

A Polícia, com base em laudos do Instituto de Criminalística, chegou à conclusão de que as instalações praticavam crime contra a saúde pública.

"No depósito de lixo tem rato, chorume espalhado pelo chão, contaminando o lençol freático. É lixo espalhado para todo lado e é uma situação absurda", classificou o delegado.

A Polícia Civil apresentou a investigação para a Prefeitura, que determinou o fechamento dos lixões e colocou blocos de concreto nas entradas dos pontos de reciclagem.

No entanto, na prática, os lixões continuaram funcionando, com os portões fechados durante o dia e escancarados à noite, sem nenhuma fiscalização.

A proprietária de um dos pontos de reciclagem afirma que o centro é uma mãe, que tem dependente químico que recebe R$ 200 por dia.

"Aqui, ninguém fica sem dinheiro. O problema é o que eles fazem com a quantia", afirma.

Anderson Giamundo, dono de outro lixão, próximo à Cracolândia, afirma que é perseguido pela Polícia Civil, mas resiste às tentativas de fechamento.

"A droga vem de outro país para cá. Passou por toda fiscalização, Polícia Federal, Rodoviária, Polícia Militar de todos os estados e chegou aqui. A culpa é minha? O estado quer me culpar por algo que ele não é capaz de fazer. Essa é que é a história real", afirma Anderson.

Sistema paralelo

Para Antônio Júnior, consultor de resíduos sólidos, as falhas na coleta pública de resíduo abre espaço para um sistema paralelo de recolhimento, com empresas irregulares que exploram a mão de obra da população em situação de rua.

O dinheiro do lixo poderia servir como alternativa de vida para essas pessoas, porém, não é o que se vê na prática. É necessário um programa social que vise tratamento, saúde, emprego e recolocação para chegar mais perto de uma solução dos problemas da Cracolândia.

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