Mais de 200 campos de futebol foram desmatados por dia na Mata Atlântica de 2022 para 2023
Ritmo da destruição diminui em 2023, mas perda de vegetação segue preocupante
O ritmo de destruição da Mata Atlântica diminuiu no ano passado. Mesmo assim, a floresta perdeu o equivalente a 200 campos de futebol por dia. A vegetação é fundamental para absorver a água da chuva e reduzir os impactos das mudanças climáticas.
Vários bairros estão surgindo em áreas que antes estavam cobertas por Mata Atlântica, bioma que um dia dominou a costa e parte do interior brasileiro. Árvores arrancadas e queimadas dão lugar a ruas e moradias precárias na região metropolitana de São Paulo.
Uma ação repentina que assustou um morador, que não quer se identificar, por já ter sido ameaçado por especuladores. "Quase o dia inteiro com motosserra, cortando as árvores, só que, primeiro, eles tocam fogo. Por fim, creio que entra com trator", conta.
O levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica aponta como responsáveis pela perda da vegetação o agronegócio, a especulação imobiliária e a grilagem de terra.
Com base em imagens de satélite, foi possível observar o desmatamento. De 2022 para 2023, o número de hectares desmatados foi de 74.556 para 81.356.
O ritmo diminuiu ao longo da costa, com exceção de Bahia e Piauí, mas houve alta significativa nas áreas onde a Mata Atlântica se mistura a outros biomas, como a caatinga e o cerrado.
"A gente está desmatando a Mata Atlântica pra expansão da pecuária, pra expansão da soja, da citricultura, da produção de grãos", afirma Luís Fernando Guedes, diretor-executivo da fundação SOS Mata Atlântica.
O pesquisador defende a aplicação rigorosa de leis ambientais, e chama a atenção para as grandes cidades, onde a Mata Atlântica é fundamental na produção de água e na proteção do solo.
"Quando a gente está cortando a Mata Atlântica nessas regiões, a gente está dando um tiro no pé e até acentuando as crises hídricas que tem sido frequentes nessas regiões, como também as grandes tragédias, decorrentes das grandes chuvas onde a gente tem deslizamentos de terras, inundações", diz o pesquisador