Maio Amarelo alerta para aumento das mortes no trânsito, principalmente com motos

Este é o mês da campanha internacional Maio Amarelo, que busca conscientizar a população sobre os perigos no trânsito. No Brasil, só as mortes envolvendo acidentes com motocicletas cresceram quase 14% entre 2020 e 2023.

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Há nove meses, Ivina vive o luto pela perda do marido. Leandro Aparecido Rosa saiu de moto para buscar uma encomenda no Rio de Janeiro e, horas depois, um telefonema mudou sua vida.

“Era o irmão dele falando que ele tinha sofrido um acidente muito grave e que não tinha resistido. A princípio, eu achei que não podia ser verdade. Como pode? A pessoa me deixou no metrô de manhã, feliz, e eu chego em casa à noite e recebo uma notícia dessas, de que ele não volta nunca mais”, contou Ivina Carlos dos Santos.

O crescimento das mortes no trânsito no Brasil levou, pela primeira vez, à inclusão de um capítulo específico sobre segurança viária no Atlas da Violência.

Só em 2023, foram registrados 34.881 acidentes fatais no país. Desse total, 13.477 envolveram motocicletas.

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Frota de motos

De acordo com o estudo, as mortes no trânsito estão em alta desde 2020, coincidindo com o aumento significativo da frota de motos nas ruas. A falta de fiscalização e as más condições das vias contribuem diretamente para esse cenário.

“É complicado atuar porque houve um aumento muito grande do serviço de deliveries usando motocicletas, geralmente por pessoas jovens, de baixa renda e baixa escolaridade”, explica Carlos Henrique Carvalho, pesquisador do IPEA.

Quando se observa o número de acidentes fatais por 100 mil habitantes, o Piauí lidera o ranking. Quase 70% dessas mortes no estado envolvem motocicletas.

Em 2023, o governo do Piauí lançou um programa para reforçar a fiscalização e reduzir as mortes no trânsito até 2030. No entanto, para a Secretaria de Segurança, o maior desafio está na conscientização.

“Manobras irresponsáveis contribuem significativamente para esses números tão negativos no Piauí. Só em 2025, 75 pessoas foram presas por essa prática criminosa, que é dirigir fazendo manobras perigosas em vias públicas, colocando em risco a vida das pessoas”, afirma Fernando Aragão, diretor de operações de trânsito da Secretaria Estadual de Segurança do Piauí.

Falta de capacete

Em Teresina, é comum encontrar motociclistas e passageiros circulando sem capacete. “Eu fui aqui no hospital e esqueci do capacete. É pertinho, não é tão perigoso não”, disse Antônio Delmar Silva, segurança.

A falta de equipamentos de proteção mudou completamente a vida de Miguel. Ele perdeu mais de 70% da massa encefálica após sofrer um acidente de moto, voltando de uma festa na capital do Piauí.

“Ele teve paralisia cerebral. Hoje é totalmente dependente da gente, pra tudo, pra comer, pra tomar banho, pra fazer tudo. O capacete segura, né? Se ele tivesse quebrado uma perna, não estaria nessa situação. Estaria consciente”, relata Maria do Desterro da Silva, esposa de Miguel.

Maria lembra que ele trabalhava como tecladista e vendia peixe durante a semana. Agora, ela faz questão de alertar outras pessoas. “Sempre que vejo alguém, aconselho: se for usar a moto, não beba. A pessoa bebendo fica fora da consciência, que foi o que aconteceu com ele”, conclui.