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Padre Júlio Lancellotti recebe apoio de lideranças religiosas: "Mexeu com o senhor, mexeu com todos"

Missa em São Paulo teve apoio contra instalação de CPI que quer investigar atuação de ONGs na assistência à população de rua

Padre Júlio Lancellotti recebe apoio de lideranças religiosas: "Mexeu com o senhor, mexeu com todos"
Padre Júlio Lancellotti recebeu apoio de religiosos
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Lideranças de entidades religiosas participarem neste domingo (7) de uma missa em homenagem ao Padre Júlio Lancellotti, na Paróquia de São Miguel Arcanjo, no Centro de São Paulo, e dar apoio ao religioso que foi alvo de uma tentativa de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que quer investigar atuação de ONGs na assistência à população de rua da capital.

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Padre Júlio foi aplaudido de pé quando um dos representantes exaltou que ele deveria receber o Prêmio Nobel da Paz e da Solidariedade por seu trabalho na Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese Metropolitana.

Em sua fala, Padre Júlio, de 75 anos, disse: "Esses dias têm sido muito difíceis porque atingem uma pessoa e todos nos sentimos atingidos. É a resposta do povo, dos irmãos e irmãs comprometidos com uma pastoral humanizadora, libertadora, com uma sociedade justa, libertária e fraterna" (veja a íntegra da missa no vídeo abaixo).

Ele destacou que a tentativa de instalação dessa CPI proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil) não foi adiante depois que vários vereadores declinaram o apoio diante da repercussão do caso. "Aconteceu uma pressão tão forte como poucas vezes a Câmara Municipal foi alvo de uma pressão tão forte que vários vereadores já retiraram o apoio a essa CPI inviabilizando-a."

O religioso disse que ficou muito triste quando soube que um vereador afirmou: "Esse Lancellotti virá aqui nem que seja algemado e amarrado, vamos arrastá-lo para a Câmara".

"É uma técnica fascista: quando não tem argumentos para discutir você destrói o interlocutor."

"Eles não vão desistir"

Padre Júlio afirmou que apesar de a CPI perder apoio, acha que seu trabalho continuará sendo alvo. "Eles não vão desistir. Mas nós também não vamos desistir, nós vamos resistir", declarou.

"Nós somos a igreja dos gloriosos mártires, dos apóstolos, somos seguidores de Jesus de Nazaré. Somos a igreja de São Paulo e a igreja de Dom Paulo Evaristo Arns, a igreja que luta e continua lutando."

Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, afirmou: "Quando mexerem com o senhor, vão mexer com todos nós. Nós estamos com o senhor!".

O Bispo Auxiliar de São Paulo, Dom Cícero França, que representou o cardeal arcebispo Dom Odilo Scherer, lembrou que "a espiritualidade do serviço é a espiritualidade da humildade. Ela nos leva ao humus, ou seja, terra. O indivíduo humilde é aquele que tem os pés fincados na terra. O orgulhoso, o soberbo, o que se deixa dominado na terra, não serve, ele quer ser servido".

Entre as entidades representadas estavam o Conselho Missionário Nacional (Comina), o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Cesep), a Igreja Metodista de São Paulo, a Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns, além de representantes da comunidade Palestina.

Entenda o caso

A chamada CPI das ONGs pretende investigar a atuação de instituições na região central da capital paulista, em especial na Cracolândia. Segundo o requerimento de criação, de autoria do vereador Rubinho Nunes (União), as ONGs "fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento dos dependentes químicos que frequentam a região da Cracolândia".

O documento não cita o padre Júlio em sua justificativa nem o nome das organizações a serem investigadas. Porém, em entrevista ao SBT News na quarta-feira (3.jan), Rubinho Nunes tentou associar o religioso ao que chamou de "máfia da miséria".

Questionado sobre o padre não pertencer a nenhuma ONG, o vereador rebateu: "O padre não consta no quadro diretivo de nenhuma, mas ele atua como 'frente' dessas ONGs. Na verdade, é aquela velha história: ele utiliza de 'testas' para se ocultar dentro delas, mas ele responde enquanto figura individual, pessoa física, e vai ser chamado para prestar esclarecimentos".

Várias personalidades criticaram, na internet, o desejo de Rubinho e outros vereadores de investigarem o padre por meio da CPI. O presidente Lula saiu em defesa de Padre Júlio e afirmou que "graças a Deus a gente tem figuras como o padre, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua". "Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa", complementou Lula.

Por enquanto, o vereador do União Brasil deu apenas o primeiro passo para a instauração de uma CPI: protocolou o pedido com a assinatura de mais de um terço dos parlamentares da Câmara Municipal. Ele precisava de pelo menos 18 assinaturas e conseguiu 21. Agora, segundo o regimento interno da Câmara de Vereadores, ele precisa de aprovação em plenário pela maioria absoluta (mais de 50%) dos parlamentares para instaurar a Comissão: 28 das 55 cadeiras.

Atualmente, três CPIs estão em atividade na Câmara. Outras 45 aguardam aprovação para que sejam instauradas, mas nenhuma delas é para fiscalizar o que o poder público tem feito pela população em situação de rua na cidade de São Paulo.

Em ano de disputa pela prefeitura municipal, a situação dos moradores de ruas da capital paulista certamente será tema de debate entre os candidatos. Segundo números do Ministério dos Direitos Humanos, são 55 mil pessoas morando nas ruas. O número é maior do que a população de 89% dos municípios brasileiros.

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