Jovem baleada por agentes da PRF no RJ tem piora e volta a respirar por aparelhos
Juliana Leite Rangel, que levou um tiro na cabeça na véspera do Natal, voltou a ter febre e apresenta sinais de um novo quadro infeccioso
Emanuelle Menezes
A jovem baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na véspera de Natal, teve uma piora clínica nas últimas 24 horas e voltou a respirar com ajuda de aparelhos.
Segundo boletim médico do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes desta quarta-feira (8), Juliana Leite Rangel, de 26 anos, voltou a ter febre e apresenta sinais clínicos e laboratoriais de um novo quadro infeccioso.
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Juliana, que na última semana apresentou uma melhora surpreendente e chegou a abrir os olhos, está agora sob sedação leve. Do ponto de visto neurológico, destaca o boletim, a estudante de enfermagem não apresentou novos sintomas, mas precisou interromper o processo de reabilitação.
"A paciente segue em terapia intensiva, em acompanhamento pelo serviço de neurocirurgia, psicologia, em conjunto com equipe multidisciplinar. Sem previsão de alta do CTI", destacou o hospital.
Baleada na véspera de Natal
Juliana foi baleada na cabeça quando passava com a família de carro pela Rodovia Washington Luís, por volta das 21h do dia 24 de dezembro. No carro, ainda estavam o pai dela, Alexandre Rangel – que também foi atingido na mão –, a mãe Dayse Rangel, o irmão Daniel, de 17 anos, e a namorada dele.
Eles saíram do município vizinho de Belford Roxo e estavam a caminho de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, para comemorar o Natal com parentes. Segundo o pai da jovem, que dirigia o veículo, assim que ele percebeu a aproximação rápida de uma viatura da PRF com a sirene ligada, deu seta para encostar o carro. Nesse momento, os agentes dispararam várias vezes contra a família.
"Nunca iria imaginar que um carro da PRF estivesse atirando em mim sem fazer abordagem, sem mandar encostar", lamentou Rangel.
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Foram mais de 30 disparos, segundo testemunhas. Em determinado momento, ainda de acordo com a vítima, um dos policiais admitiu o erro na abordagem para um colega. Inicialmente, os agentes alegaram que foram atingidos por disparos, mas o motorista nega e diz que "sequer tem arma".
Os agentes envolvidos na abordagem foram afastados preventivamente. A Corregedoria-Geral da corporação, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apuração dos fatos relacionados à ocorrência.