Instituto aciona governo por possível vazamento de petróleo na Costa Amazônica
Organização identificou área que pode ter sido afetada por derramamento de óleo; local fica próximo à Foz do Amazonas, em embate para exploração entre Petrobras e Ibama
Um possível vazamento de petróleo foi identificado na Costa Amazônica. A região fica localizada perto da área em debate para exploração na Foz do Amazonas, a pedido da Petrobras e sob análise do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais).
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O alerta consta em análise do Instituto Arayara, e foi percebida por uma detecção de radar por satélite. A mancha de provável vazamento foi estimada em quase 170 km² – o equivalente a aproximadamente 24 campos de futebol. Veja a imagem:
A identificação foi encaminhada por ofício no início da semana ao Ministério do Meio Ambiente, ao Ibama e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O alerta também será protocolado nesta quinta-feira (1º) junto ao Ministério Público Federal.
Além do vazamento, o documento enviado destaca a necessidade de investigação para apurar o possível crime ambiental e impacto de danos. Também sugere a criação de um grupo de trabalho, junto à sociedade civil, para discutir soluções e compor políticas para resposta emergencial a incidentes. A intenção é prevenir outras situações semelhantes.
A detecção ocorreu em setembro, e há suspeita de que tenha sido originada de uma embarcação no Panamá. A possível origem traz alerta para necessidade de maior fiscalização da área, conforme aponta o gerente de oceanos e clima do Instituto Arayara, Vinícius Nora.
"Precisa de um monitoramento mais atento nessa região, porque essa região tem correntes fortes, e isso não é só sobre o bloco que não teve licença permitida [da Petrobras] mas também sobre o grande tráfico de embarcações comercializando esse petróleo. Então são rotas como essa que podem gerar um novo vazamento", destaca.
O especialista em biologia marinha avalia que há risco de vazamentos pelo tráfego de embarcações, por explorações em regiões próximas, como Guiana e Suriname. "Inclusive carramentos irregulares, como pode ter ocasionado o derramamento de 2018 no nordeste brasileiro que carregava óleo venezuelano", relembra. No ano, um derramamento de óleo atingiu o litoral de 11 estados. O caso ainda segue na Justiça.
O SBT News entrou em contato para informações de investigação e posicionamento junto ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ibama, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto e o texto será atualizado em caso de manifestação.
Exploração na Foz do Amazonas
Em maio do ano passado, o Ibama negou pedido da Petrobras para buscas em possível exploração na Foz do Amazonas. A decisão tem sido alvo de embate político, com divisão entre os ministérios de Minas e Energia e Meio Ambiente.
No Congresso Nacional, parlamentares do Norte, especialmente Amapá, insistem na liberação para avanços econômicos. Mas tanto o Ibama quanto a pasta de Marina Silva apontam riscos ambientais. A petroleira fez uma nova solicitação, que está sob análise do Ibama.
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