Incêndios no Parque Nacional e em 14 outros locais deixam céu de Brasília encoberto por fumaça
Cortina de fuligem é responsável por qualidade do ar preocupante; entenda
O Distrito Federal amanheceu novamente encoberto por fumaça nesta segunda-feira (16), agora devido ao incêndio florestal que consome o Parque Nacional de Brasília desde domingo, às 11h. A densa cortina de fuligem foi responsável pela classificação de ar "moderado", que, apesar do nome, é devido à concentração de micropartículas na atmosfera — segundo o monitor suíço IQAir —, e se aproxima (60 AQI, às 11h30, index norte-americano de qualidade do ar) do grau de risco a "grupos mais frágeis" (100).
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Os dados são preocupantes. O valor representa 14 microgramas por metro cúbico (µg/m³) de material particulado fino (MP) vindos das chamas, estes menores que 2,5 mícrons (igual a um milésimo de metro, µm), 14µg/m³ MP2,5. O valor definido como seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) seria de 5 µg/m³ ou menor para minimizar riscos à saúde.
Essas partículas, por seu tamanho, são capazes de serem inaladas e penetrar profundamente nos pulmões e podem agravar doenças respiratórias, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
O próprio nível "moderado" (ou "amarelo") aconselha que pessoas idosas, crianças e/ou com algum tipo de problema cardiorrespiratório a não realizarem atividades fora de casa e alerta que essas podem sentir algum tipo de desconforto.
O nível tido como "laranja" do AQI (nível de qualidade do ar, na tradução) já diz que este grupo mencionado está em risco.
Nesta manhã, segundo os Bombeiros em Brasília, estão sendo atendidas 15 ocorrências de incêndio florestal em diversas regiões do DF: Parque Nacional, São Sebastião, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Gama, Estrutural, Noroeste, Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas e outras regiões não divulgadas.
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Incêndio no Parque Nacional de Brasília
A névoa seca está concentrada próximo ao Parque Nacional de Brasília, conhecido como Parque da Água Mineral, que fica no final da Asa Norte, no Plano Piloto, atingido por um incêndio florestal desde o fim da manhã de domingo (15). A região Noroeste é a mais atingida, mas, por causa dos ventos, moradores da Estrutural, Vicente Pires, Taguatinga também devem ser afetados ao longo do dia.
O DF está há 146 dias sem chuva e em alerta laranja (não há relação com o AQI) para baixa umidade, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Também não há previsão de chuva para os próximos 10 dias.
As operações de combate ao incêndio seguiram por toda madrugada. Ao todo, 35 combatentes, entre brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e militares do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) passaram a noite na tentativa de controlar as chamas, que até o momento, não foram cessadas, mas estão controladas.
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O CBMDF informou ao SBT News que a corporação está "levantando mais informações", mas que até a manhã desta segunda-feira (16) não havia "registro de incêndio em vegetação não controlado". Ainda no dia anterior, o ICMBio informou que o fogo começou "próximo à Granja do Torto" e que a “estimativa de área atingida era de 1,2 mil hectares”.
Atualização, às 12h: em nota, bombeiros afirmaram que há, aproximadamente, 50 agentes em serviço, além de equipes do ICMBio, Ibram e do próprio Parque Nacional, somando 86 pessoas. A área consumida totalmente pelas chamas é de 7.000.000 m² (ou 700 hectares), até então — o equivalente a mil campos de futebol, 4 parques do Ibirapuera ou 0,12% da área total da unidade federativa.
Uma câmera de monitoramento do portal Webcam Galore registrou o avanço da fumaça. Veja:
A Polícia Federal (PF) está investigando o caso. Nesse domingo (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobrevoou a área, afirmando em rede social que "está atuando". O petista afirmou que a PF segue investigando o que chamou de "crimes", informando que há 52 inquéritos abertos até então sobre os incêndios que assolam o país.
Cuidados com a saúde
Segundo secretarias de saúde por todo país e o Ministério da Saúde (MS), as principais recomendações são: evitar atividades físicas ao ar livre, sejam elas de dia ou de noite, especialmente para grupos sensíveis; manter janelas e portas fechadas, para evitar a entrada do ar poluído; usar máscaras do tipo PFF2, PFF3 ou N95 em ambientes externos; manter-se hidratado, para manter o aparelho respiratório úmido e mais protegido; usar umidificadores e/ou, se possível, purificadores de ar; se tiver sintomas respiratórios, busque atendimento médico o mais rápido possível; e, aos cardíacos, manter ao alcance os medicamentos indicados pelo médico, para uso em crises agudas.
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Lula disse ainda que irá se reunir com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para reunir orientações acerca de como se proteger e com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, para discutir "mais ações para lidarmos com essa emergência climática".