Distrito Federal registra dia mais seco do ano e incêndios florestais
Umidade abaixo dos 7% exige cuidados com a saúde e contribui para o aumento das queimadas
Com 134 dias sem chuvas e umidade tendo quedas recordes no Distrito Federal (DF), a capital federal teve mais um dia com incêndios. Da terça-feira (3) até a manhã desta quarta-feira (4), as chamas consumiam a Floresta Nacional de Brasília (Flona), na região de Ceilândia.
Um terço da área consumida por fogo
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) afirmou que, até o momento, um terço da área da unidade foi consumida pelo incêndio, o equivalente a 1,2 mil hectares atingidos. "A chefia da unidade trabalha com a perspectiva de extinguir o incêndio ainda hoje, se as condições meteorológicas melhorarem", disse em nota.
Equipes (15 brigadistas e servidores do ICMBio, 8 do Ibama, 5 voluntários e 40 bombeiros) continua no combate. Há duas grandes frentes de fogo, mas a prioridade das equipes hoje é combater as chamas em "áreas prioritárias" como nascentes, matas de galeria, remanescentes de Cerrado e áreas próximas às residências. Há também uma equipe mobilizada para o manejo da fauna.
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Há suspeitas de que o fogo “de grandes proporções”, conforme dito pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), tenha sido criminoso. No início da noite de ontem, o Ibama informou que "três pessoas foram vistas no local" e que "três focos de incêndio foram localizados na manhã de terça-feira, a partir das 10h30, às margens da BR-80, dentro dos limites" da região.
Segundo o CBMDF, "a alta temperatura, o clima seco, o vento e as altas chamas, estão dificultando bastante a atuação" e, até o momento, o incêndio não estava controlado. Até o final da noite de ontem, cerca de 1,2 mil hectares haviam sido consumidos — uma área equivalente a 1.714 campos de futebol, 7,6 vezes a área do Parque do Ibirapuera em São Paulo.
Área queimada no DF
Até o mês de agosto de 2024, a área consumida por incêndios no DF foi 29% maior que no ano de 2023 inteiro, segundo os bombeiros: 12.944,4 hectares, 2,22% da área total da unidade federativa. De janeiro a dezembro de 2023, foram 9.991 hectares queimados.
Somente no oitavo mês do ano, houve um aumento de quase 40%. Foram 5 mil hectares.
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Dia mais seco do ano
A região registrou nessa terça (3) o dia menos úmido do ano. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a umidade relativa do ar chegou a 7% na Estação Meteorológica do Gama. O recorde histórico era de 4 de setembro de 2019, quando chegou a 8%. A temperatura máxima registrada foi de 33ºC.
Tais dados levaram o Inmet a emitir alerta para baixa umidade. O termo significa que a umidade relativa do ar poderia ficar em um índice muito inferior ao ideal de 60% recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Às 18h, Mato Grosso do Sul, Goiás, sul de Mato Grosso, Goiás, oeste de Minas e norte de São Paulo, além do DF, em totalidade, apresentaram umidades inferiores a 20%.
Previsão: a situação não deve melhorar nesta quarta. O Inmet emitiu um alerta de "grande perigo" referente à umidade devido à previsão abaixo de 12%. Toda região citada anteriormente tem "grande risco de incêndios florestais e à saúde (doenças pulmonares, dores de cabeça e etc)", diz o instituto. Brasília registrou hoje 14,9ºC e 47% de umidade, mas com previsão de brusca mudança para as 11h, atingindo 25,1ºC e 22% (respectivamente nos indicadores).
O mês de setembro ainda deve ter temperaturas máximas acima de 34ºC.