Idosa cuidando de super-idosa: tendência acompanha aumento da expectativa de vida no Brasil
Dados do IBGE revelam que mulheres são as que mais vivem e as que mais cuidam; mãe e filha somam 178 anos de vida e mostram força do cuidado entre gerações
Simone Queiroz
A história de Dona Zélia e Dona Arlete, mãe e filha, ilustra o que apontam os dados sobre o envelhecimento no Brasil: a expectativa de vida das mulheres brasileiras é de 79,7 anos, superior aos 73,1 dos homens, segundo o IBGE. Juntas, mãe e filha somam 178 anos.
A relação entre elas revela laços de amor e desafios do envelhecimento, tema cada vez mais comum nos lares brasileiros.
Dona Zélia tinha 18 quando trouxe ao mundo Dona Arlete, que cresceu, casou-se e, com o tempo, passou a se ocupar da mãe. Há 17 anos, essa rotina de cuidado faz parte da vida das duas. Após a morte dos irmãos, ficou para Arlete, e só para ela, a responsabilidade de cuidar da mãe.
"Quem cuidava dela quando era criança? Era eu mesma. E agora? Ela que cuida de mim", conta Dona Zélia Guzzo Guimarães.
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"Eu estou tentando fazer um pouco do que ela fez por mim e pelos meus irmãos", completa Arlete Guimarães. Quando questionada sobre quem cuida dela, Arlete aponta para o alto e responde com fé.
Com o aumento da expectativa de vida, cenas como essa se tornaram mais comuns nos lares brasileiros: idosos cuidando de idosos, principalmente entre as mulheres. Apesar de viverem mais, elas enfrentam desafios maiores na saúde após a menopausa.
"A mulher começa a perder massa óssea e tem tendência maior à osteoporose e fraturas. Também há mais facilidade para desenvolver problemas no aparelho circulatório, como pressão alta, diabetes e colesterol elevado", explica o geriatra Paulo Camiz, professor da Universidade de São Paulo, membro do corpo médico do Hospital Sírio Libanês.
O médico tamnbém alerta que cuidar exige dedicação, mas também atenção com quem cuida. "É preciso olhar para o cuidador. Se ele estiver mal, a pessoa de quem ele cuida também vai ficar mal", afirma.









