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Foco de queimadas no Pantanal em 2024 já supera o mesmo período do ano passado

A fumaça é movimentada pelo vento e tem consequências na saúde da população local

Foco de queimadas no Pantanal em 2024 já supera o mesmo período do ano passado
A fumaça densa toma conta a ponto de o grupo ter que se juntar e aglomerar, porque a visão fica prejudicada | Reprodução Joédson Alves/Agência Brasil
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O número de focos de incêndio no pantanal este ano, até junho, já supera o que foi queimado durante o mesmo período de 2023. De janeiro até agora, já foram 2500 focos de incêndio. A população vive em contato com a fumaça, visível da janela de casa e prejudicial à saúde.

Dona Marisol, professora, tem a casa atingida pela fuligem. "Eu jogo água, daqui a pouco tá cheio de fuligem insuportáve", conta. Ela ressalta que durante os 62 anos que mora na região, é a primeira vez que vê tantos casos de queimada.

As queimadas não devastam só a vegetação, mas também a saúde dos moradores de Corumbá e Ladário, cidades próximas à área de queimada do Pantanal. Muitos casos de problemas respiratórios e alérgicos, por causa da fumaça que vem com o vento, têm levado a população a procurar mais os hospitais da região.

De acordo com Nabil Omar Filho, médico intensivista, o material particulado presente na fumaça causa o aumento de doenças. "Principalmente as doenças alérgicas, rinite, asma e bronquite, no caso do monóxido de carbono, dor de cabeça, tosse, dor no corpo, irritabilidade", explica.

Graciele Ramos Leite conta que precisou de ajuda depois de passar mal em casa. "Eu vou para o serviço, vejo aquela fumaça que dá até medo, tá muita fumaça. Eu mesma estou assim por causa disso. Dá desconforto, a diarreia, vômito. O médico falou que é tudo por causa dessa fumaça, que causa isso na população", diz a auxiliar de limpeza.

Entre avanços da queimada e ventos que trazem uma névoa cinza, a cidade tenta seguir com a vida. O banho de São João, principal festa junina do Centro-Oeste, acontece em Corumbá. A estudante Sara Melo conta que decidiu trabalhar na festa de máscara. "Por conta da fumaça, das queimadas, é uma prevenção. Faz mal para qualquer pessoa", afirma.

Os pontos de calor são acompanhados em tempo real pelo Instituto do Homem Pantaneiro, organização que atua na conservação e preservação do Pantanal. Um sistema de câmeras ao longo do Rio Paraguai registra quando surgem as chamas. "Esses focos são mostrados através do sistema, a gente consegue localizar apontando a câmera pra aquele local, onde ela fornece um mapa pra gente e essas informações são usadas pra comunicar com a nossa brigada", afirma o analista de sistemas Igor Souza.

O número de focos de incêndio no Pantanal já passa de 2500 de janeiro até agora, superando os registros no mesmo período do ano passado. (2.365 no ano passado e 2.571 este ano).

"Nós estamos certamente correndo aí pra quase um milhão de hectares queimados, o fogo segue propagando em várias regiões ainda, não há como ter dúvida que a mão humana vem de maneira irresponsável, contribuído pra esse caos", afirma Angelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro.

A escalada dos incêndios vem acompanhada da seca no Centro-Oeste. O lavrador Airton Macena conta que sabe que os animais também são vítimas dessa tragédia ambiental. Ele mantém um refúgio para os jacarés e vê o braço de rio do sítio diminuir a cada ano.

"Hoje tem essa água empossada aqui, daqui pra lá não tem nada, vai pegar uma aguinha lá na chegada do Rio Paraguai. Cada ano secando mais um pouquinho mais, secando mais, tá bem seco aqui", afirma.

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