Flutuantes voltam aos rios da Amazônia e reaquecem economia local
Recuperação do nível das águas permitiu retomada das estruturas, que servem de espaço para bares e restaurantes
Bárbara Mitoso
A recuperação do nível dos rios da Amazônia, após a maior seca em mais de um século, permitiu a retomada dos chamados "flutuantes", estruturas que servem de espaço para restaurantes, bares e baladas, e voltou a aquecer a economia local.
Para quem costumava frequentar os flutuantes, a pausa de três meses nas atividades deixou saudades. "A gente sentiu muita falta. Particularmente, em um dia muito quente, eu costumo muito vir mais para flutuante. Então, eu senti um pouco dessa falta", diz a estudante Yasmine Kayla.
"Nosso domingo era assim, vinha para o flutuante e passeava no rio. Tinha essa rotina e, quando veio a vazante, a gente sentiu bastante, porque tirou esse nosso lazer", acrescentou a enfermeira Ana Cláudia.
Mais do que os banhistas, a volta dos flutuantes alegrou os empresários e trabalhadores. "Esse retorno significa nossa sobrevivência. A nossa sobrevivência e a sobrevivência das 43 famílias, que são diretamente vinculadas a esse empreendimento", afirmou o empresário Diogo de Vasconcelos.
Durante a vazante de 2023, o Rio Negro, um dos mais importantes da Amazônia, chegou a superar o menor nível medido em 121 anos. Todos os 62 municípios amazonenses entraram em estado de emergência, afetando cerca de 600 mil pessoas.
Para os flutuantes, o prejuízo foi de mais de R$ 15 milhões. Mais de 4 mil empregos foram perdidos. "O flutuante é uma embarcação que é construída para ficar em cima d'água, e quando nesse caso, pela primeira vez, acabou a água do Tarumã, muitos ficaram em terra. E como não é construído para ficar em terra, muitos tiveram prejuízo, se destruíram", explica o presidente da Associação dos Flutuantes do Tarumã, Nildo Afonso.
Apesar das águas voltarem a subir, gradativamente, em Manaus, o ritmo ainda é lento. Atualmente, a cota do rio é de 21 metros e 65 centímetros. O nível está mais de um metro menor que o registrado no mesmo período do ano passado.