Publicidade

Fazendeiros atacam indígenas com tiros no Paraná; 2 vítimas estão em estado grave

Ataque ocorreu de madrugada e feriu jovens e mulheres; sessão no STF sobre o Marco Temporal é interrompida

 Fazendeiros atacam indígenas com tiros no Paraná; 2 vítimas estão em estado grave
"A presença da Força Nacional é essencial para combater a vulnerabilidade social e a violência no Mato Grosso do Sul", enfatizou a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG | Reprodução Marcelo Camargo/Agência Brasil
Publicidade

Fazendeiros abriram fogo nesta quarta-feira (28) contra indígenas Avá Guarani que vivem na aldeia Tekoa Yhovy, no município de Guaíra, no Paraná, para expulsá-los do local. A ação criminosa faz parte de uma disputa pela posse da terra onde atualmente os povos originários vivem. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), seis indígenas foram feridos. Dois estão em estado grave. As vítimas são jovens e crianças, ainda de acordo com o órgão.

Os fazendeiros seriam produtores de soja e milho e começaram os disparos na noite de terça-feira (27) e continuaram atirando madrugada adentro. Segundo relatos do Cimi, o grupo adotou uma tática parecida à caça de javalis que ocorrem à noite com o uso de armas que soltam estilhaços e atingem o que estiver ao redor.

+Reunião sobre marco temporal chega a impasse e organização indígena ameaça abandonar STF

"Eles estão livres e se sentem autorizados a caçar indígenas como se animais fossem. Nada os afeta, nada os impede, nem mesmo os desembargadores e juízes que compõem o comitê de conciliação de conflitos da Justiça Federal", diz o Cimi em repúdio aos ataques.

Como tentativa de defesa, indígenas Avá Guarani transmitiram ao vivo, em uma rede social, os ataques. Pelo vídeo, é possível ouvir os disparos e gritos dos indígenas em meio à escuridão.

Segundo a Polícia Federal, forças de segurança estiveram no local e o conflito cessou. Uma investigação foi iniciada para apurar a responsabilidade criminal dos envolvidos no ataque.

Marco Temporal travado

A disputa por terra entre os produtores e os indígenas é o centro do debate do Marco Temporal. Nele, há uma legislação que limita o direito dos povos indígenas às terras que eles já ocupavam em 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal.

Ou seja, isso significa que segundo essa teoria, terras ocupadas depois dessa data não poderiam ser demarcadas como terras indígenas e protegidas pela lei. +STF faz segunda audiência de conciliação sobre marco temporal de terras indígenas

Nesta quarta-feira (28), representantes dos indígenas abandonaram a sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) que julga essa tese e procura encontrar algum caminho de conciliação entre os lados.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que representava os indígenas na mesa, deixou a comissão por discordar da condução dos trabalhos e a falta de poder de veto pelos indígenas na comissão de conciliação.

A lei do Marco Temporal foi aprovada nas duas Casas Legislativas logo após o julgamento no STF que considerou inconstitucional o critério, que define como válidas apenas as demarcações de terras indígenas ocupadas na data da promulgação da Constituição.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram que a data não poderia ser usada para definir a ocupação tradicional das terras pelas comunidades indígenas.

Alegando buscar uma solução que não traga contestações, o relator do processo que trata da nova lei, ministro Gilmar Mendes, determinou que fosse tentada uma saída mediada entre representações indígenas, setores do agronegócio, governo e Congresso Nacional.

Em setembro do ano passado, senadores e deputados aprovaram projeto de lei que previa que os indígenas teriam direito à demarcação apenas das áreas que ocupavam até 5 de outubro de 1988, estabelecendo em lei o Marco Temporal. A matéria, ao ir à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recebeu vetos.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Indígenas

Últimas notícias

Candidatos a prefeito de São Paulo falam sobre mobilidade urbana e moradia

Candidatos a prefeito de São Paulo falam sobre mobilidade urbana e moradia

Confira como foi o dia dos candidatos pela capital paulista
Jogos Paralímpicos: 3 em cada 10 atletas da delegação do Brasil são de SP; conheça as histórias

Jogos Paralímpicos: 3 em cada 10 atletas da delegação do Brasil são de SP; conheça as histórias

Time Brasil chega aos Jogos Paralímpicos com a maior delegação da história e busca superar campanha de Tóquio 2021, em que 72 medalhas foram conquistadas
Previsão do tempo indica sol e calor para os próximos dias no Brasil

Previsão do tempo indica sol e calor para os próximos dias no Brasil

Uma massa de ar frio está se afastando, dando lugar a uma massa de ar quente que traz o aumento das temperaturas
Pedido de impeachment de Domingos Brazão do cargo no TCE-RJ é rejeitado

Pedido de impeachment de Domingos Brazão do cargo no TCE-RJ é rejeitado

Acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco, conselheiro está preso desde março
Veja destaques da sabatina de Ramagem, candidato do PL à prefeitura do Rio

Veja destaques da sabatina de Ramagem, candidato do PL à prefeitura do Rio

Delegado foi o quarto candidato entrevistado pela apresentadora do SBT Rio, Isabele Benito, na 6ª edição do Movimento Rio em Frente
Número de postos de trabalho cai 7% em julho no Brasil, aponta Caged

Número de postos de trabalho cai 7% em julho no Brasil, aponta Caged

Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve aumento de 32%
Quem é Gabriel Galípolo, indicado de Lula para a presidência do Banco Central

Quem é Gabriel Galípolo, indicado de Lula para a presidência do Banco Central

Nome foi anunciado oficialmente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião no Palácio do Planalto
Senado acelera projeto que altera Lei da Ficha Limpa e diminui tempo de inelegibilidade

Senado acelera projeto que altera Lei da Ficha Limpa e diminui tempo de inelegibilidade

Se aprovada, proposta reduz proibição para condenados concorrerem a uma eleição e pode alterar em decisões postas, como do ex-presidente Jair Bolsonaro
Número de queimadas no Brasil aumenta 80% em 2024, informa Inpe

Número de queimadas no Brasil aumenta 80% em 2024, informa Inpe

Mato Grosso, Pará e Amazonas foram os estados mais afetados pelo fogo. São Paulo registrou aumento dos casos em agosto
Quem é Giovanna Boscolo, ex-Chiquititas e atleta paralímpica

Quem é Giovanna Boscolo, ex-Chiquititas e atleta paralímpica

Jogos Paralímpicos de 2024 começam nesta quarta-feira (28), em Paris
Publicidade
Publicidade