Ex-soldado da FAB diz ter sido expulso da corporação após ser acusado de crimes por engano
Carlos Daniel, de 24 anos, afirma que um criminoso condenado a 16 anos de prisão, usava documentos com as mesmas informações do jovem

Cadu Guarieiro
Marcos Guedes
O ex-soldado da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos Daniel Silva Ribeiro, de 24 anos, alega ter sido expulso da corporação por crimes que não cometeu. Segundo ele, seus dados pessoais teriam sido usados por um homem que praticou furtos, roubos e tráfico de drogas na Zona Sul do Rio de Janeiro entre 2019 e 2021.
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Segundo Carlos, um criminoso preso e condenado a 16 anos de prisão, usava documentos com as mesmas informações que os seus, como nome, filiação e CPF. Quando ele tentou se inscrever no processo seletivo do Curso de Especialização de Soldados, o então militar foi dispensado por “possuir certidão com apontamento na Justiça Criminal Estadual”.
Dois detalhes, no entanto, indicam que as duas pessoas não são a mesma: o registro geral (RG) e a data de nascimento. Em certidão do 1º Ofício do Registro de Distribuição, o número de identidade do criminoso aparece diferente do documento do ex-militar. Já outro registro, do 3º Ofício, aponta que a data de nascimento do homem preso é 8 de agosto de 2000, enquanto a de Carlos Daniel é 8 de agosto de 2001.
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O afastamento da FAB não apenas interrompeu sua carreira militar, mas também a faculdade de Direito, que ele custeava com parte do soldo, além de comprometer sua vida civil. Carlos relata que, em qualquer situação de fiscalização, como uma blitz ou um procedimento no Detran corre o risco de ser preso por crimes que não cometeu.
O que dizem as autoridades?
O caso tramita na Justiça Federal. Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) informou que a Vara de Execuções Penais (VEP) acolheu o pedido da defesa de Carlos para a realização de "identificação papiloscópica do apenado", que é o processo de utilizar as impressões digitais, faciais ou palmares para confirmar a identidade de uma pessoa que esteve presa.
A SEAP, por sua vez, confirmou que o homem registrado como Carlos Daniel Silva Ribeiro ingressou no sistema prisional em 8 de dezembro de 2021, no Presídio José Frederico Marques, e atualmente está custodiado na Cadeia Pública Hélio Gomes. Apesar da decisão da VEP, a secretaria afirma não ter recebido determinação judicial para realizar o exame até o momento.
A Polícia Civil informou que apura a denúncia e busca a melhor forma de solucionar o caso. A Força Aérea Brasileira foi procurada, mas não se posicionou até a última atualização desta reportagem.