Espancamento em Manaus: governo federal lamenta morte de adolescente alvo de homofobia
Ministério dos Direitos Humanos reforçou que crimes de LGBTQIAfobia foram equiparados ao de racismo pelo STF; Fernando Vilaça da Silva tinha 17 anos

Emanuelle Menezes
com informações do Portal Norte
O governo federal lamentou, nesta terça-feira (8), a morte do adolescente Fernando Vilaça da Silva, espancado violentamente em Manaus por um grupo de jovens em um "episódio de violência homofóbica".
Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania afirmou que o ato atenta "diretamente contra os fundamentos constitucionais da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da liberdade" (leia na íntegra abaixo). A pasta também reforçou que crimes de LGBTQIAfobia foram equiparados ao de racismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão é de agosto de 2023.
"O MDHC reforça seu compromisso com a defesa da vida e dos direitos das pessoas LGBTQIA+ e com o enfrentamento à violência motivada por ódio, preconceito e discriminação. Nos solidarizamos com os familiares de Fernando Vilaça da Silva, colocamo-nos à disposição para acompanhamento do caso e informamos que os encaminhamentos cabíveis já estão sendo realizados junto à Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos", disse o Ministério.
Espancado em Manaus
Fernando Vilaça da Silva, de 17 anos, foi agredido violentamente na última quarta-feira (3), quando reagiu a ofensas feitas por suspeitos que, segundo os familiares, já praticavam bullying recorrente contra ele. O adolescente, que havia saído de casa para comprar leite, questionou um grupo de rapazes que o chamava de "viadinho" e foi brutalmente espancado.
O jovem sofreu edema cerebral, traumatismo craniano e hemorragia craniana, segundo o boletim de ocorrência, e morreu dois dias depois.
Em entrevista à TV Norte Amazonas, afiliada do SBT, o irmão da vítima relatou a dor da perda e descreveu o adolescente como uma pessoa tranquila e generosa.
Nas redes sociais, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) lamentou o crime e confirmou que protocolou um pedido ao Ministério dos Direitos Humanos para acompanhamento oficial do caso.
"É dilacerante pensar que uma pessoa, que tinha a vida toda pela frente, teve sua trajetória interrompida por questionar o porquê de estarem lhe chamando de 'viadinho'", escreveu Hilton no X (antigo Twitter).
A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) de Manaus investiga o caso. Até o momento, ninguém foi detido.
Leia nota do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania na íntegra:
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), por meio da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, manifesta seu profundo pesar e solidariedade à família e à comunidade do jovem Fernando Vilaça da Silva, adolescente de 17 anos, brutalmente assassinado em um episódio de violência homofóbica no estado do Amazonas.
Na madrugada de 5 de julho de 2025, no bairro Gilberto Mestrinho, zona leste de Manaus (AM), Fernando foi espancado após reagir a ofensas de cunho homofóbico proferidas por um grupo de indivíduos durante uma confraternização em via pública. Após três dias internado em estado grave com traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e edema cerebral, o jovem não resistiu e faleceu no dia 7 de julho.
Tais atos atentam diretamente contra os fundamentos constitucionais da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da liberdade, representando também crimes previstos em nossa legislação penal, incluindo o homicídio qualificado por motivo torpe e os crimes de LGBTQIAfobia, reconhecidos como formas de racismo pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26/2019.
O MDHC reforça seu compromisso com a defesa da vida e dos direitos das pessoas LGBTQIA+ e com o enfrentamento à violência motivada por ódio, preconceito e discriminação. Nos solidarizamos com os familiares de Fernando Vilaça da Silva, colocamo-nos à disposição para acompanhamento do caso e informamos que os encaminhamentos cabíveis já estão sendo realizados junto à Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Fernando Vilaça da Silva não será esquecido. Toda forma de violência LGBTfóbica deve ser combatida com rigor e com políticas públicas estruturantes.









