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Entenda o que são e como funcionam as caixas-pretas das aeronaves

Peças em aço e titânio — à prova de quedas e incêndios — compõem os equipamentos usados na elucidação de acidentes aéreos

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Caixa-preta | Foto: Divulgação/Cenipa
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As caixas-pretas do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, em São Paulo, começaram a ser analisadas neste sábado (10) pelos militares investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). Os equipamentos foram encontrados aparentemente intactos e serão fundamentais para o esclarecimento das circunstâncias do acidente ocorrido nesta sexta-feira (9). Entenda sua importância nesta reportagem do SBT Brasil.

A caixa-preta, na verdade, tem cor laranja, para facilitar a identificação no meio dos destroços. E não é apenas uma caixa, mas duas caixas. A primeira registra as conversas dentro da cabine de comando e entre os pilotos e os controladores aéreos. A segunda contém os dados do voo, incluindo altitude, condições do tempo, velocidade e outras informações técnicas do avião. No acidente da Voepass, a caixa-preta pode, por exemplo, confirmar ou descartar a suspeita de que o acúmulo de gelo nas asas do avião tem relação com a queda.

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Gelo no caminho

Ouvido pelo SBT Brasil, o perito aeronáutico Daniel Calazans esclareceu que, ao contrário do que muita gente pensa, o avião não atravessa uma área com gelo na atmosfera. O que ocorre é a formação de gelo na fuselagem quando a aeronave passa por uma região muita fria. No momento do acidente da Voepass, pilotos de outros aviões que passaram pela mesma área teriam relatado exatamente esta situação, o que reforça a suspeita.

“O ar estava tão frio que o impacto do ar na superfície da aeronave causava a formação de gelo, que mudava todo o perfil da aeronave, comprometendo a sustentação. O piloto ele tem um dispositivo na aeronave que quando ele é acionado esquenta a superfície da aeronave e derrete o gelo”, descreve Salazans.

Investigação

“A caixa preta vai como ela identifica, avalia vários parâmetros, ela vai nos mostrar e mostrar para as autoridades investigativas se esse dispositivo foi acionado ou se ele não acionou. Pode ser que esteja em funcionamento e ele não acionou ou se por acaso o dispositivo estava inoperante, com problemas técnicos.”

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Além de se destacar no cena do acidente para que possa ser encontrada, a caixa-preta precisa ter uma fonte de energia independente. Dessa forma, ela mantém a coleta dos dados mesmo quando há uma pane elétrica no avião. Outra característica fundamental é a resistência do material. A caixa deve permanecer intacta após quedas, incêndios e até longos períodos no fundo do mar.

Essas características permitiram que as caixas-pretas do avião da Voe Pass fossem encontradas sem danos aparentes. Em 2007, o acidente da TAM em Congonhas que matou 199 pessoas teve um grande incêndio. As caixas-pretas, localizadas, esclareceram que um erro na posição das alavancas de aceleração e potência do avião levou o o avião a passar direto na pista, após o pouso, e atingir em cheio um prédio da própria companhia aérea.

Já no acidente com o voo 447 da Air France, do Rio de Janeiro a Paris, em 2009, o motivo da queda foi o congelamento de um equipamento externo que media a velocidade do avião. Causa descoberta após a localização das caixas-pretas no fundo do Oceano Atlântico, dois anos depois do acidente.

“Ela também é preparada para suportar grandes impactos em superfície sólidas e também pressão para água no caso de superfície líquida, para preservar os dados para que eles sejam analisados pelo autoridades investigativas”, acrescenta Calazans.

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