Diretor do hospital Heliópolis pede “desculpas” após denúncia do SBT
Abrão Rapoport afirmou que “nunca soube” das irregularidades na unidade; médicos batiam ponto e não cumpriam jornadas de trabalho
Após a denúncia do jornalismo do SBT que revelou médicos que batem ponto mas não cumprem suas jornadas de trabalho no Hospital Heliópolis, na zona sul de São Paulo, o diretor da unidade Abrão Rapoport falou ao vivo sobre o caso e pediu “desculpas” pela situação e que sente “profunda vergonha”.
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"Eu fiquei sabendo disso ontem em contato com a reportagem do SBT, muito bem feita, correta. Tenho duas coisas para falar de início. Primeiro lugar: como médico sinto profunda vergonha. Como administrador, quero dizer que nunca soube de nada, a secretaria, o secretário muito menos. Isso é uma prática que nos pegou de surpresa”, afirmou Rapoport.
Em relação às reclamações de pacientes sobre a demora no atendimento e para marcar consultas, o administrador afirmou que o hospital, por ser “porta aberta”, atende a qualquer hora, mas que os atendimentos de urgência e emergência são prioritários e que, por isso, “não há planejamento possível”, já que, exemplificando, se são três médicos disponíveis, dois são deslocados para as emergências, enquanto apenas um fica no atendimento.
“Entendemos que a demora é absurda, não pode existir. Mas o problema de superlotação no atendimento de saúde não é só do sistema público, no sistema privado acontece a mesma coisa", justificou.
Diretor explica funcionamento do hospital: “urgência e emergência saem na frente”
Sobre as denúncias reveladas pelo SBT, Rapoport disse que há chefes dos médicos, diretores de divisão, que teriam que relatar essas questões para as chefias imediatas.
“Eu atendo aqui na diretoria como todos atendem. Então, imagina que, se nós não temos controle sobre a porta, aqui todos entram, as ambulâncias que chegam, às vezes chegam 20, 30 num dia e são todos atendidos. Como é que eu vou planejar a chegada de ambulâncias que vem pela vaga zero? Vaga zero é atendimento imediato, internação imediata e não existe falta de atendimento. Existe demora de atendimento naqueles que, infelizmente, têm que esperar. Porque a urgência e emergência saem na frente”, explicou.
O diretor, questionado sobre a falta de controle de acesso dos profissionais, considerou que “falta é um direito de todos, não se justifica, mas existem faltas”, já que os servidores podem ter “problemas pessoais”. “Se a falta é justificada, ele pode ser penalizado ou não. Tudo o que chega dos meus diretores, não deixamos sem solução”, pontuou.
“Peço desculpas ao contribuinte do sistema público"
Rapoport acrescentou que as falhas dos servidores são parte de “uma cultura do ser humano que se permite fazer tudo. “Isso é questão cultural, educacional. Eu recebo através de um concurso, de uma contratação, os profissionais. E nós não conseguimos reeducar as pessoas da maneira que deveriam se comportar. É um erro de comportamento”, disse.
Para o diretor, o que deve ser feito é uma “apuração do ponto de vista administrativo, para entregar à secretaria [de saúde] para o desdobramento”, considerando a situação “muito séria”. "Como médico, é [fazer a] comunicação ao Conselho Regional de Medicina, que lá eles vão julgar o comportamento do colega. Do ponto de vista administrativo, eu não puno ninguém. Eu vou apurar os fatos, o direito ao contraditório de todo ser humano. Mas, de qualquer maneira, peço desculpas ao contribuinte do sistema público".