Ginecologista dá expediente em dois hospitais e radiologista deixa o posto para levar cão à creche
Mais dois médicos são flagrados em prática irregular de bater o ponto e não cumprir a jornada, revela reportagem exclusiva do SBT Brasil
Uma investigação no Hospital Estadual de Heliopólis, em São Paulo, revelou a prática irregular de alguns médicos que não cumprem a carga horária exigida e recebem salários pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma reportagem do Primeiro Impacto, do SBT, mostrou a reação de dois médicos flagrados deixando o posto após bater o ponto. No SBT Brasil mais dois médicos foram questionados sobre bater o ponto sem cumprir expediente.
Os pacientes sofrem com a falta de atendimento adequado. Dona Judite, de 65 anos, morreu dentro do hospital devido a complicações causadas pelo diabetes. Segundo a família, a principal reclamação foi a falta de médicos disponíveis. "Eu me humilhava pedindo informações sobre o estado dela, e não tinha ninguém pra mostrar um exame de sangue, nada", relatou a neta da paciente, que preferiu não se identificar.
Uma outra familiar, Elaine, também denuncia o tratamento recebido. "Mataram minha mãe porque sabiam que ela não podia ser entubada", disse, em lágrimas.
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Expediente em dois hospitais
Uma das irregularidades envolve o ginecologista Carlos Augusto Ferreira Júnior, que, apesar de registrar o ponto no hospital, foi flagrado saindo minutos depois para outro emprego no Hospital Dom Alvarenga, no bairro do Ipiranga, onde atende tanto pacientes do SUS quanto de planos de saúde. Conforme a escala, ele deveria cumprir 20 horas semanais em Heliópolis, mas o médico foi visto registrando presença em ambos os hospitais no mesmo dia.
Médica alega compromisso com o cachorro
Outra denúncia recai sobre a radiologista Maristela Kodama Iwamizu, que também foi vista batendo ponto pela manhã e saindo do hospital logo em seguida. Ela justificou a saída dizendo que precisava levar o cachorro à creche. Assim como o ginecologista, a radiologista cumpre menos horas do que o registrado, mas recebe integralmente os salários pagos pelos cofres públicos.
Falta de profissionais no pronto-socorro
Funcionários do hospital, que preferiram não se identificar, relataram que apenas um médico fica no pronto-socorro em determinados horários, resultado de um esquema entre os profissionais. "Eles combinam para cobrir só parte do horário, e fica sempre um médico só", afirmou um dos funcionários.
A prática tem causado transtornos para os pacientes, que dependem do atendimento público e esperam por horas, às vezes, sem conseguir ser atendidos.