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Dia dos namorados: como identificar se meu relacionamento é tóxico ou saudável?

Mulheres são as maiores vítimas de violência em relações amorosas que, na maioria dos casos, é psicológica; entenda

Dia dos namorados: como identificar se meu relacionamento é tóxico ou saudável?
Mulheres são vítimas, principalmente, de violência psicológica nas relações amorosas | Marcos Santos/USP
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Esta quarta-feira, dia 12 de junho, é Dia dos Namorados no Brasil. Nos outros países, a comemoração acontece no dia de São Valentim, em 14 de fevereiro. A data, que celebra a união amorosa entre casais, pode ser importante também para questionar se você está vivendo um relacionamento tóxico ou saudável.

As mulheres costumam ser a maioria das vítimas de violência em relações amorosas, mas ela pode acontecer com qualquer gênero. O problema costuma começar com a violência psicológica, mas pode evoluir para formas mais graves, como violência física e patrimonial.

Dados de uma pesquisa feita pelo Instituto DataSenado, vinculado ao Senado Federal, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), mostram que 3 a cada 10 brasileiras já sofreram violência doméstica, sendo a psicológica a mais recorrente, citada em 89% das respostas.

"Relacionamento tóxico é aquele em que a mulher não consegue ter paz para ser ela mesma. O homem está querendo sempre controlar suas ações e desestimular o seu desenvolvimento", explica a advogada constitucionalista Luana Ãltran.

Para a especialista, ter conhecimento dos direitos humanos é essencial para criar consciência se está em um relacionamento tóxico ou não: ou seja, entender se você está sendo respeitada/o em sua integridade física e psíquica como pessoa.

O que é violência psicológica?

Apesar de ser a mais comum segundo a pesquisa, às vezes ela não é compreendida com facilidade, "já que nem sempre é agressiva e, sim, opera manipulando, humilhando e constrangendo".

"Mesmo que o companheiro chegue dizendo que é para proteger, que se preocupa, isso pode estar disfarçando uma forma de violar a autonomia da mulher", afirma.

Os sintomas desse tipo de abuso podem vir com vigilância constante da/o parceira/o, violação da intimidade (ou seja, quando você deixa de fazer escolhas por vontade própria), além de ameaças e constrangimentos, que acabam sendo mais explícitos. Em todos os casos da violência, no entanto, há algum tipo de manipulação por parte do agressor.

Segundo a advogada, existem dois tipos principais de manipulação por parte dos homens:

Afeto — Utiliza o sentimento para controlar comportamentos e atitudes: "se você fizer isso, significa que não me ama".

Costumes sociais e crenças religiosas — Usar a religião para o controle de comportamento ou para exigir que só fique à disposição dos filhos e da família.

"Muitas vezes as pessoas dizem que enxergam as mulheres como seres humanos de direito, mas, na prática, agem como se ela fosse uma coisa feita somente para servir: o homem, os filhos, a família e etc", ressalta.

Sinais de um relacionamento tóxico

Um relacionamento tóxico pode atingir tanto mulheres quanto homens. A psicanalista Vera Cristina ressalta que o relacionamento tóxico começa pelo desejo de uma das partes ou de ambas por controle.

"Controlar não só o que faz, mas os pensamentos e sentimentos, além de como a pessoa encara as situações da vida", explica.

De acordo com ela, há sinais de alerta importantes. São eles: dependência emocional, ameaças de término, culpar e exigir excessivamente o outro, falta de apoio nas escolhas de vida e projetos, crises de ciúmes, luta de poder e controle.

"A pessoa percebe que já não é mais mesma, que sente que está pisando em ovos, sempre com muito cuidado, calculando o que vai fazer", ressalta.

Vera pontua que sentir sofrimento e dor constantemente não pode ser encarado como normal num relacionamento amoroso e o primeiro passo é saber identificar e reconhecer que se está em um vínculo abusivo para procurar ajuda.

A violência pode acontecer e acabar?

A violência tem um ciclo. Segundo Vera, esse ciclo de manipulação tem três pilares: a tensão, a prática da violência em si e a reconciliação.

"É um ciclo considerado universal. A tensão pode aparecer por violências verbais, humilhações; depois vem a violência, seja ela qual for; e depois a tentativa de reconciliação, a chamada 'lua de mel', em que a pessoa tóxica faz de tudo para ter uma reaproximação e, na sequência, repete o ciclo", explica.

O que fazer se eu for vítima?

As mulheres, que representam a maior parcela das vítimas, podem solicitar medida protetiva, indo até a Delegacia da Mulher ou qualquer delegacia de polícia mais próxima. Ela pode ser solicitada em casos de violências psicológica, sexual, física, moral ou patrimonial.

Além disso, outras ferramentas jurídicas são o próprio divórcio e processar a/o agressor/a. Desde 2021 pela Lei Maria da Penha, a violência psicológica contra mulheres é tipificada como crime no Brasil, com pena de 6 meses a 2 anos de reclusão e multa.

A especialista recomenda reunir prints de conversas, áudios e gravações como provas em um possível caso de violência.

Além disso, a Lei Maria da Penha garante auxílio-aluguel para que as vítimas consigam sair do lar agressor.

"A mulher não precisa se submeter à violação de seus direitos para ser amada ou querida", afirma Luana.
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