Detentos fabricam camas de madeira para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul
Os presos também confeccionam rodos e casinhas para abrigar cachorros resgatados
Detentos de Iraí e Canela iniciaram a fabricação de 135 camas de madeira que serão doadas para a população de regiões atingidas pelas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul. A produção dos itens ocorre nos espaços das duas unidades prisionais, que possuem maquinário de marcenaria, com insumos doados por empresários e parceiros.
Em Iraí, a meta é produzir 100 camas. As primeiras unidades já foram entregues a abrigos de Roca Sales na última quinta-feira (16). O transporte foi realizado por empresários que apoiaram o projeto. Ao todo, 4 presos atuam na oficina. Eles foram selecionados por já possuírem experiência prévia. O trabalho possibilita a remição da pena, conforme disposto na legislação.
Para a confecção das camas, são utilizados materiais como madeira, parafusos, pregos, lixadeiras e plainadeiras – doados por parceiros da região que decidiram apoiar a iniciativa. Os presos também confeccionaram 140 rodos, sendo que 100 já foram distribuídos para as cidades de Frederico Westphalen, Muçum e Roca Sales.
Em Canela, está sendo empregada a mão de obra de dois apenados. As madeiras utilizadas são doadas por empresários de São Francisco de Paula. Das 35 camas produzidas, 17 foram entregues à Associação Caxiense de Esportes Náuticos.
Além dos presídios de Iraí e Canela, diversas outras unidades prisionais vêm atuando para fornecer materiais de higiene, como sabão, produzido pela Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves; fraldas descartáveis, fabricadas pelo Presídio Estadual de Jaguarão; e absorventes, confeccionados pelo Presídio Regional de Caxias do Sul. Vários materiais essenciais também têm sido fornecidos, como abrigos para animais, pães aos desabrigados e voluntários, serviço de lavanderia e confecção de roupas de camas, dentre outros.
Na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) I, estão sendo produzidas casinhas para abrigar cachorros resgatados. Até o momento, já foram entregues 25 unidades fabricadas com mão de obra de seis presos.
Elas estão sendo destinadas ao Centro do Bem-Estar Animal, à Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e a abrigos temporários vinculados ao Projeto Anjos do Parque. O material para confeccionar as casinhas é adquirido por meio de parcerias, com empresas como Saint Gobain, GM, Logam do Brasil e Calçados ASLD, além de entidades protetoras de animais. Cada abrigo leva em torno de uma hora para ficar pronto.
Reforço da segurança
Um grupo de 30 policiais judiciais do Distrito Federal, de São Paulo e do Rio de Janeiro foi até Porto Alegre para prestar auxílio aos magistrados que estão assegurando a proteção de direitos humanos em visitas ou inspeções a unidades prisionais, socioeducativas e nos abrigos que recebem vítimas da tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul, em especial mulheres e crianças.
Eles também prestam apoio à segurança do abrigo que foi instalado no Fórum de Porto Alegre e das estruturas patrimoniais de unidades da Justiça.
Nesta terça (21), haverá a apresentação formal da equipe para o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
O auxílio humanitário foi autorizado pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso. “A decisão foi rapidamente atendida pelos diversos ramos da Justiça, que disponibilizaram seus profissionais”, enfatizou o diretor do Departamento de Segurança Institucional do Poder Judiciário (DSIPJ) do CNJ, Igor Tobias Mariano. Ele coordena as atividades e segue viagem com o grupo que deve permanecer por 15 dias no Rio Grande do Sul.
Por uma questão de disponibilidade de voos da Força Aérea Brasileira (FAB), foram selecionados profissionais do Distrito Federal, de São Paulo e do Rio de Janeiro. “Todos têm experiência e estão qualificados para esse tipo de missão”, assegura o coordenador.