COP 30: diárias em Belém chegam a R$ 80 mil e afastam delegações e ONGs
Valores de hospedagem na capital paraense estão inflacionados pela realização da Conferência da ONU para o Clima em novembro

SBT Brasil
Valores elevados de hospedagem em Belém têm gerado críticas de delegações e organizações não governamentais (ONGs) que pretendem participar da Conferência da ONU para o Clima, a COP 30, que será realizada na capital do Pará em novembro. Em plataformas que oferecem imóveis para aluguel, é possível encontrar diárias que ultrapassam os R$ 80 mil, chegando a mais de R$ 1,5 milhão para uma estadia de 20 dias.
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Segundo Fernando Soares, assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Pará, esse cenário já foi observado em outras cidades que sediaram a conferência:
"Em Baku, na COP 29, uma cama em um beliche chegou a custar R$ 19 mil por dia. Existem exageros? Sim, claro. Mas, pela lei da oferta e da procura, não há muito o que fazer. O grande problema é que isso pode levar a um esvaziamento do evento".
O impacto já é sentido. O Instituto ClimaInfo, por exemplo, reduziu em mais de 70% a equipe que participaria da COP 30 devido aos custos. O diretor da organização, Délcio Rodrigues, reforça que os preços são inviáveis para muitos participantes.
"Os valores estão impagáveis, não só para organizações observadoras, como a nossa, mas também para delegações de países mais pobres. Essa conferência é uma negociação essencial para essas nações", destaca Rodrigues.
Capacidade limitada de hospedagem preocupa
Belém deve receber mais de 50 mil pessoas para a COP 30, mas a região metropolitana conta com apenas 24 mil leitos disponíveis, um dos principais desafios da organização.
No entanto, segundo Hana Ghassan, coordenadora do Comitê Estadual da COP, os participantes estarão distribuídos ao longo dos dias do evento, sendo o pico de público esperado durante a reunião dos líderes mundiais.
"Esses 50 mil participantes eles são ao longo do evento, não são 50 mil participantes num único dia. O dia que mais dá número de pessoas é o dia dos líderes, onde os presidentes participam. Então o governo trabalha dentro dessa estratégia não com uma solução de hospedagem apenas, com um conjunto de hospedagens", afirma Ghassan.
Para suprir a demanda, os governos federal e estadual estão investindo em soluções alternativas, como cruzeiros que servirão como hotéis, além da adaptação de vilas militares e escolas reformadas para receber delegações.