Combustíveis, bebidas, ouro e cigarro dão mais lucro para o PCC que tráfico de cocaína, revela pesquisa
Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que crimes virtuais e furto de celulares geraram receita de R$ 186 bilhões para o crime, entre 2023 e 2024
![Imagem da noticia Combustíveis, bebidas, ouro e cigarro dão mais lucro para o PCC que tráfico de cocaína, revela pesquisa](/_next/image?url=https%3A%2F%2Fsbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com%2F1_pcc_37470720_1_d2ac3fb3d9.jpg&w=1920&q=90)
Murillo Otavio
Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (13), mostra que o PCC (Primeiro Comando da Capital) lucra mais com contrabando de combustíveis, bebidas e ouro do que em relação com o tráfico de cocaína, com cerca de R$ 146,8 bilhões, em 2022. +Jorge Guaranho é condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato de tesoureiro do PT
O setor de combustíveis e lubrificantes lidera em volume financeiro, com R$ 61,5 bilhões, representando 41,8% do total. Em seguida, o mercado de bebidas movimenta R$ 56,9 bilhões (38,8%).
A extração e produção ilegal de ouro geram R$ 18,2 bilhões (12,4%), enquanto o comércio clandestino de cigarros soma R$ 10,3 bilhões (7%).
O estudo também estima a receita do crime organizado com o tráfico de cocaína, na casa dos R$15 bilhões.
O estudo mostra ainda que as fraudes no setor de combustíveis resultam em perdas fiscais de até R$ 23 bilhões ao ano, com a comercialização irregular de 13 bilhões de litros em 2022. Em relação ao mercado de bebidas, a desativação do sistema de controle SICOBE gerou um apagão de dados e uma evasão tributária de R$ 72 bilhões no mesmo ano.
Já a mineração ilegal de ouro movimentou R$ 40 bilhões entre 2015 e 2020, afetando áreas protegidas e terras indígenas, enquanto o contrabando de cigarros representa 40% desse tipo de mercado, gerando um prejuízo fiscal de R$ 94,4 bilhões em 11 anos.
+Prédio em construção desaba na Vila Nova Cachoeirinha, zona Norte de SP
Crimes virtuais e roubo de celulares
Os crimes virtuais e os furtos de celulares geraram uma receita de R$ 186 bilhões para o crime organizado entre julho de 2023 e julho de 2024, segundo o estudo. O valor supera os R$ 146,8 bilhões estimados para o crime organizado em setores como combustíveis, bebidas, ouro e tabaco. +Suspeita de envenenar bolo com arsênio é encontrada morta na prisão
O aumento das fraudes digitais está ligado à combinação de furtos físicos e golpes virtuais. Entre as fraudes mais comuns, o prejuízo médio por vítima no uso indevido de cartões de crédito é de R$ 1.702, o maior entre os crimes patrimoniais analisados.
Golpes envolvendo Pix e boletos falsos causam um prejuízo médio de R$ 1.470 por vítima. Outras ocorrências têm valores médios mais baixos, como clonagem de celular (R$ 699), vazamento de dados pessoais (R$ 390) e compras suspeitas em redes sociais (R$ 335).
A facilidade de acesso aos celulares roubados tem impulsionado esses crimes, já que os celulares se tornaram a principal porta de entrada para fraudes digitais.
O estudo alerta para a necessidade de reforçar a segurança dos dispositivos e aprimorar mecanismos de rastreamento e bloqueio, visando reduzir os impactos financeiros e combater a atuação do crime organizado no ambiente digital.
Metodologia
O estudo “Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto DataFolha, apresenta uma análise detalhada sobre a atuação do crime organizado no país. +Ciclista é assassinado a tiros em assalto ao lado do Parque do Povo, em SP
A pesquisa combina dados de fontes oficiais, instituições acadêmicas, setor privado, organizações da sociedade civil e imprensa profissional, além de entrevistas com especialistas da área.
A metodologia utilizada cruzou informações de mercado legal e ilegal com dados do IBGE, a partir da Pesquisa Industrial Anual (PIA) e da Pesquisa Anual do Comércio (PAC). Com isso, foi possível calcular a receita gerada pelas atividades ilícitas nesses segmentos.
O estudo destaca que o crime organizado no Brasil vai além do tráfico de drogas e armas, expandindo-se para mercados ilícitos sofisticados e altamente lucrativos.
Ao todo, esse mercado ilegal movimenta R$ 348 bilhões ao ano, reforçando a necessidade de medidas estratégicas para enfraquecer suas fontes de financiamento.