Amazônia: incêndios em florestas públicas não destinadas aumentam 64% em 2024
Áreas estão sob domínio estadual ou federal, mas ainda precisam de destinação de uso para virar unidade de conservação, uso sustentável ou terra indígena
SBT Brasil
Os incêndios florestais em áreas públicas não destinadas da Amazônia cresceram 64% em 2024, em relação ao ano anterior. A área queimada foi de 2.460.082 hectares, segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Na Amazônia, as florestas públicas não destinadas somam 56,5 milhões de hectares, área equivalente à Espanha. São terras sob domínio estadual ou federal que ainda precisam de uma destinação de uso (unidades de conservação, uso sustentável de recursos naturais ou terra indígena), segundo a Lei de Gestão de Florestas Públicas de 2006.
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A pesquisadora do IPAM, Rebecca Maranhão, afirma que a regularização fundiária dessas áreas são necessárias para o combate a crimes ambientais. "Com a regularização, temos acesso a uma melhor gestão dos territórios, políticas públicas, monitoramento e fiscalização, enfrentando grilagem, desmatamento e incêndios florestais", explica.
O mês de setembro registrou o pico de queimadas, com 756,3 mil hectares destruídos — o maior valor em um único mês desde 2019. Os estados do Pará, Amazonas e Roraima foram os mais impactados.
Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA, afirma que condições climáticas extremas e ações criminosas agravaram o cenário, apesar do trabalho de mais de 2.200 brigadistas, voluntários e equipes locais. "O que vemos agora, como na Califórnia, é um alerta de que os próximos anos podem ser ainda piores. Precisamos nos conscientizar de que com fogo não se brinca", alertou.