Advogado dos policiais afastados na morte do delator do PCC diz que “larga o caso” se aparecerem provas contra eles
Policial militar que escoltou e acompanhou o empresário Antônio Vinicius Gritzbach no voo prestará depoimento pela segunda vez
O policial militar, que escoltou e acompanhou o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach no voo antes do assassinato, prestará depoimento pela segunda vez, no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), nesta segunda-feira (11).
Gritzbach lavava dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) e assinou uma delação contando os bastidores da facção, sendo jurado de morte pelos criminosos.
O SBT News entrevistou um dos advogados que representa os interesses do empresário e de ao menos três policiais que faziam o "bico" de segurança para o delator. Segundo o advogado Guilherme Flauzino, o grupo de militares foi selecionado cuidadosamente por um tenente da PM, a pedido de Gritzbach, visando a proteção particular dele e, principalmente, da própria família.
Trabalhando há quase três anos com o Gritzbach, Flauzino disse que acredita na inocência dos policiais e que as informações sobre a chegada do empresário ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, local do crime, não foram vazadas por eles. Além disso, o advogado afirmou que desiste da defesa dos militares caso ocorra a apresentação de provas do envolvimento deles no crime.
Quatro policiais militares foram afastados das atividades enquanto ocorreram as investigações. Segundo os advogados, Gritzbach era escoltado por seis pessoas, sendo cinco da PM.
"Eu jamais vou defender quem fez parte de alguma forma do homicídio dele. Eu acredito na versão deles e, se me provarem ao contrário, eu não faço parte do caso", disse Guilherme Flauzino.
"Eu quero provas, quero uma investigação justa. Se tiver provas, tudo bem, mas não tem como a gente apontar seis pessoas, sendo pais de família, e acabar com a reputação deles", declarou Guilherme Flauzino.
"Bico"
Os policiais militares foram contratados para prestar o serviço de segurança para uma família e um empresário, sem saber que se tratava de Gritzbach, de acordo com os defensores.
No decorrer do trabalho particular, os militares souberam - pela imprensa - do histórico criminal de Gritzbach, e assumiram o risco de morte e o risco institucional. A Polícia Militar proíbe os serviços informais para renda extra.
"Eles sabiam do risco que corriam, do risco de morte. No começo, eles não tinham contato com Vinicius e depois souberam pela mídia [do histórico criminal]. Eles sabiam que não poderiam fazer "bico", mas assumiram os riscos. São pessoas simples, policiais militares, pais de família", concluiu Guilherme Flauzino.
O SBT News pediu uma nota de posicionamento para a Secretaria de Segurança Pública sobre o afastamento dos militares, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.