Publicidade
Brasil

A cada 60 minutos, 7 menores são vítimas de abuso sexual no Brasil

Com 66,5% dos casos registrados dentro no ambiente doméstico, a violência sexual contra crianças e adolescentes segue sendo uma tragédia silenciosa

Imagem da noticia A cada 60 minutos, 7 menores são vítimas de abuso sexual no Brasil
A cada 60 minutos, 7 menores são vítimas de abuso sexual no Brasil | Foto: Freepik
Publicidade

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) compartilhados pela Fundação Abrinq revelam que a cada 60 minutos, no país, há o registro de 7 notificações de violação sexual contra crianças e adolescentes. Em 2024 foram registrados em torno de 156 alertas por dia. Por isso, de acordo com a campanha “Pode Ser Abuso”, da Abrinq, a “violência sexual segue como grave ameaça à infância e adolescência.”

Ainda segundo o levantamento, mais de 85% das vítimas são mulheres com até 19 anos. O projeto ainda pontua que a “predominância não reduz a importância de reconhecer que meninos também são alvos frequentes: representaram 14,7% das vítimas de violência sexual, 14,9% dos casos de assédio sexual e 12,7% dos estupros”.

+ 'Meu INSS' tem mais de 8,5 milhões de acessos no primeiro dia para pedir ressarcimento

O maior número de registros acontece dentro dos lares. “Em 2024, 66,5% dos casos contra crianças e adolescentes ocorreram no ambiente doméstico”, cita o relatório. As escolas e as vias públicas também são colocadas como pontos de destaque.

Fui abusada pelo meu avô

A profissional da saúde Christiane Gandi, de 46 anos, é uma das vítimas do abuso sexual dentro de casa. Em entrevista para o SBT News, ela contou ter sido abusada do seu avô paterno. As situações de violência sexual aconteceram até os 9 anos, pelo o que ela se recorda, já que perdeu boa parte da memória de sua infância devido aos traumas.

Christiane, entre as suas primas, era mais velha. Carregou culpa durante muito tempo porque era, segundo ela, chamada de “neta preferida” pelo seu abusador. “Sentia que a doença dele começou comigo”, relatou. Seus pais não imaginavam que a filha era abusada até ela completar 18 anos e contar para a mãe.

+ Justiça derruba veto da Prefeitura e libera mototáxi por app em SP

Além do trauma, a jovem soube que parte de sua família estava ciente do comportamento doentio do avô, mas havia uma espécie de pacto de silêncio sobre o assunto, que era proibido. “As crianças mais novas não passaram por isso porque começamos a nos proteger sem nem verbalizar todos aqueles horrores”, contou.

Christiane descobriu que ela não haveria sido a primeiro vítima do familiar. Teve que passar por várias terapias.

“Depois de tudo que vivi, comecei a achar que qualquer pessoa poderia ser um abusador… e que toda criança era, de alguma forma, abusada. Tenho um filho de 13 anos, e durante muito tempo não confiava em ninguém - nem mesmo no pai dele e na minha própria mãe. Quando fiquei grávida, precisei fazer terapia porque tinha medo de, inconscientemente, repetir um ciclo”, depôs Christiane.

18 de maio

25 anos o dia 18 de maio é caracterizado como data de conscientização em torno da violência sexual referente a crianças e adolescentes. A escolha deste marco não é aleatória: a data marca o caso de Araceli Cabrera Crespo, que foi vítima de abusos e, depois, cruelmente assassinada.

Ela tinha 8 anos quando, em uma sexta-feira qualquer, estava indo para a escola e nunca mais voltou. Foi encontrada em estado de decomposição dias depois de seu sumiço. Seu corpo estava desconfigurado e carbonizado. Até hoje ninguém foi condenado. A menina tornou-se um símbolo de alerta sobre outras - e outros - milhares de Aracelis pelo Brasil. E também, de Christianes.

Foto: Reprodução @cafecomcrime
Foto: Reprodução @cafecomcrime
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade