Violência obstétrica: 85 mulheres denunciam hospital na grande SP por erros e negligência
Ao menos 6 mortes, incluindo 4 bebês, foram relatadas por pacientes atendidas no Hospital da Mulher Emilia Battistin Marson; comitê técnico investiga
Flavia Travassos
O Hospital da Mulher, localizado em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, acumula ao menos 85 denúncias de violência obstétrica, negligência e erros médicos. Entre as acusações, constam mortes de duas mulheres e quatro bebês.
Uma adolescente de 15 anos relata a perda do filho Noah, que viveu apenas seis horas e meia após o parto de emergência. A adolescente visitou o hospital cinco vezes com dores antes de ser finalmente atendida. Mesmo assim, houve demora para realizar a cesárea emergencial.
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Não há uma lei federal que torne a violência obstétrica crime, mas ela é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma violação de direitos humanos das mulheres. O caminho para a reparação, segundo advogados, é procurar a justiça.
O número de processos de indenização por erros médicos em hospitais públicos e privados cresceu 35,7% no país, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Para Ruth Rodrigues, advogada especialista em violência obstétrica, o aumento de casos está ligado à conscientização das mulheres. "Elas têm buscado mais os processos porque elas entendem que o que aconteceu com elas não deveria acontecer", afirma.
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Resposta das autoridades
A Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo informou que instaurou uma sindicância interna e assegurou que todas as ocorrências estão sendo apuradas.
Sobre o requerimento de um parlamentar da Câmara dos Deputados que solicitou providências diante de tantas denúncias envolvendo o Hospital da Mulher, o Ministério da Saúde informou que mantém diálogo aberto e constante com o congresso nacional e que todas as informações solicitadas foram encaminhadas. A pasta também reforçou o compromisso com o atendimento humanizado.
A família de Noah pretende entrar na justiça: "Quantos Noahs serão enterrados? Quantas mães sairão de lá com os braços vazios?", questiona a madrinha.