Senadores discutem possível instalação da CPI da Braskem
Em Maceió, solo ao redor da mina de sal-gema continua cedendo; estado e município divergem sobre risco
SBT News
As defesas civis do estado de Alagoas e do município de Maceió divergiram nesta 2ª feira (4.dez) sobre o risco de colapso da mina 18 da Braskem. A estadual dizia que o material da própria mina está preenchendo a cavidade, enquanto a municipal sustentava que ainda havia risco de uma acomodação abrupta, ou seja, de desabamento.
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O prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas, esteve em Brasília e amenizou a velocidade do afundamento. "Nós chegamos em algumas horas a 5 centímetros de afundamentos. Agora, temos 0,25 centímetros, o menor patamar desde o dia 28 de novembro, quando tivemos o segundo grande tremor".
A Braskem perfurou 35 poços para a extração de sal-gema em Maceió. A sal-gema é um mineral usado em vários setores da indústria, produz soda cáustica, PVC, além de virar componente na produção de vidros e insumo do setor farmacêutico. Dessas 35 minas, a de número de 18, é a que está em risco de colapso.
Desde 2018, quando começaram a surgir erosões no terreno e rachaduras nas casas, a mineradora suspendeu os trabalhos e passou a monitorar o solo. O presidente da Braskem, Roberto Bischoff, confirmou, durante a participação em um seminário em São Paulo, que cinco bairros de Maceió foram esvaziados nesses últimos anos. Ao todo, quarenta mil pessoas foram desalojadas de mais de catorze mil imóveis. Segundo ele, a grande maioria das vítimas (97%) aceitou as indenizações propostas.
CPI DA BRASKEM
O senador Renan Calheiros (MDB/AL) apresentou em outubro, um requerimento para a criação de uma CPI com o objetivo de investigar os responsáveis pelo colapso da mina 18. O documento tem 45 assinaturas de parlamentares da base aliada e da oposição, o mínimo necessário são 27. Ele afirmou que, diante do agravamento da situação, vai esperar até a próxima sexta-feira (8.dez) para que os partidos indiquem os nomes, caso contrário vai acionar o STF.
"Se os líderes não indicarem, eu vou ter que pedir ao Supremo que mande o presidente do Senado Federal tomar providências". Renan salientou que o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, sempre apoiou a CPI.
O senador Rodrigo Cunha (Podemos/AL), adversário político dos Calheiros, defende a instalação da CPI, mas diz que Renan não deve ser integrante porque o filho dele foi governador de Alagoas. "O que nós queremos, sim, é a responsabilização pela ação. Já temos a empresa Braskem e, agora, a responsabilização por omissão".
Enquanto o problema foi para a esfera política, moradores de Maceió seguem deixando as casas na área considerada de risco. O aposentado Vicente Oliveira ajudou a colocar os móveis no caminhão cedido pela defesa civil para a mudança. Ele vai para um imóvel alugado e espera a indenização da mineradora. "Eu tenha uma mãe de 92 anos, acamada, e eu não posso esperar que aconteça o pior. Fui obrigado a sair".