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Brasil

CPI das Pirâmides Financeiras convoca donos da 123 milhas

Comissão vai ouvir os sócios e irmãos Ramiro e Augusto Soares Madureira sobre o cancelamento de viagens

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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, na Câmara dos Deputados, aprovou nesta 4ª feira (23.ago) a convocação dos irmãos Augusto e Ramiro Soares Madureira, donos da agência de viagens 123 Milhas. Eles vão falar como testemunhas. Os parlamentares querem explicações para o cancelamento dos pacotes promocionais de setembro a dezembro de 2023. A CPI ainda não marcou a data dos depoimentos.   

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A 123 Milhas também tinha até esta 4ª feira prazo para enviar esclarecimentos à Secretaria Nacional do Consumidor, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em nota, a empresa informou que responderia aos questionamentos da Senacon dentro do prazo estabelecido. 

Em razão dos milhares de cancelamentos, muitos clientes da 123 Milhas, que têm viagem marcada para o ano que vem, estão indo à justiça com medo de calote. É o caso da jornalista Andrea Duarte. Ela comprou passagens ida e volta para Lisboa, com previsão de embarque em maio de 2024: "eu acho que eles não vão conseguir emitir, nós vamos chegar em maio e não vou conseguir viajar. Então, antes que isso aconteça, eu vou correr atrás, vou entrar na Justiça".

Modelo de negócio

O modelo de negócio da 123 Milhas é baseado em compra de milhas geradas pelo uso de cartão de crédito ou de programas de fidelidade de companhias aéreas. Esse mercado ainda não tem regulamentação. No caso da 123 milhas, o problema começou a surgir quando as empresas aéreas, com alta da procura após a pandemia, aumentaram a quantidade de milhas cobradas para a emissão dos bilhetes de viagem.

Tudo indica que o estoque de milhas da agência de viagens não foi suficiente para cobrir todos os pedidos já aprovados e quitados pelos clientes. O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Kantor, deu um exemplo: "Vamos supor que ela (123 Milhas) ,em 2019, com um milhão de milhas comprasse 10 mil passagens no mercado interno brasileiro e duas mil passagens internacionais. Hoje, ela precisaria de 2,5 milhões de milhas, mas ela não tem essa quantidade". 

A Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) também se manifestou. A entidade defende rever esse modelo de negócio, que coloca em risco o turismo no Brasil e afeta a confiança do consumidor. 

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