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Do pasto ao porto, o desafio de rastrear a pecuária e atender ao ESG

Três anos após anúncio do "green deal" europeu, brasileiros ainda buscam se adaptar e provar que não produzem em áreas desmatadas ilegalmente

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A Europa faz uma informal, porém, eficaz regulação sobre o Brasil, seu comércio e produção de alimentos. Acontece há séculos. Mas, a dimensão atual é uma novidade. O novo green deal não aceita mais aqueles itens que tem alguma matéria-prima proveniente de terras desmatadas, com recursos naturais degradados ou com serviços semelhantes à escravidão após 31 de dezembro de 2020.

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Outro detalhe: dessa vez, não só exige. Vai monitorar. Com análises via satélite e até testes de DNA. Além disso, quer os produtos com tecnologia para rastrear sua linha de produção. Do porto ao nascimento das plantas ou animais que servem de matéria-prima. O que se tornou o maior desafio da pecuária brasileira, mesmo tendo uma das melhores estruturas do mundo.

Aliás, no mundo não há frigorífico do tamanho da JBS. Assim como no Brasil não há indústria mais empenhada em desenvolver um sistema de rastreamento de gado. São 70 mil fazendas cadastradas. Mas há 15 a empresa trabalha nessa questão. Começou preparando os pecuaristas:

"A gente vem trabalhando com o movimento de reinclusão e gerando impactos positivos na cadeia produtiva. A gente continua monitorando fornecedores diretos. Naturalmente, quando você aplica uma avaliação em fornecedores, vão ter aqueles que atendem sua política em conformidade, estão aptos a comercializar seus animais. Outros produtores, outras propriedades não vão atender os critérios que você tá avaliando e serão bloqueados. Então, para trabalhar especificamente com a cadeia e trazer esse movimento de inclusão, a gente criou um programa chamado 'Escritórios Verdes', que basicamente presta assistência técnica gratuita a produtores que estejam bloqueados", explica Alexandre Kavati, gerente de sustentabilidade da JBS.

São 19 unidades espalhadas pelo país, conta Kavati: "São orientações em relação ao CAR [Cadastro Ambiental Rural], em relação aos passivos ambientais. A gente tem conseguido trazer muitos produtores que antes estavam bloqueados, com sua produção comprometida para um momento e para um novo cenário em que essas propriedades e esse produtores são regularizados ambientalmente".

O programa pode ser eficiente se o CAR não for um obstáculo. Acontece quando o produtor rural não tem, por exemplo, uma propridade que respeita o Código Florestal. Tem área desmatada acima do descrito em lei: apenas 20% dentro do bioma amazônico, 35% no Cerrado e no Pantanal e 80% nos outros. Ou, simplesmente, se o CAR feito ainda não foi auditado pelos órgãos ambientais do Governo Federal. Esse último é um problema real. "Ainda hoje, menos de 10% foram", reclama o coordenador de rastreabilidade da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, Aécio Flores.

O pequeno número de CARs concluídos é uma das explicações para o desafio da pecuária brasileira. São mais de dois milhões de pecuaristas. Montante que, agora, revela como a adesão à rastreabilidade pela JBS, mesmo sendo uma evolução plausível, ainda é baixa: 70 mil fazendas.

Apesar disso, nem Brasil nem Europa sabem como será a comprovação de que um produto não é proveniente de área envolvida em problemas ambientais ou sociais. "Como que a gente vai entregar o produto, o processo que a gente vai fazer, a gente ainda tá caminhando para chegar numa solução específica. Mas a ideia é que chegue lá... Por exemplo, chegaram cinco toneladas de filé na Itália. Quando chegar, tu vai saber que são oriundos de tantos animais, que vieram de tais lugares e todos tiveram um processo de compliance ambiental correto", diz Flores.

O fato da Europa não estar cobrando ainda é um alívio para o Brasil, que corre contra o tempo para atender à demanda. "Tá todo mundo, o Ministério, a iniciativa privada, o terceiro setor envolvidos para resolver esse problema", conta Flores. "Se a gente não conseguir, para a Europa, vamos coemçar a exportar um valor muito, muito pequeno em comparação com a atualidade.

Saiba mais das dificuldades e avanços da pecuária brasileira para atender às exigências ESG. Assista ao Foco ESG:

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