Publicidade
Brasil

Fertilização In Vitro: 8 milhões de casais podem ser inférteis no Brasil

Taxa de fertilidade vem caindo no país, nas últimas três décadas; assista à segunda reportagem da série 'Bebê de Proveta'

Imagem da noticia Fertilização In Vitro: 8 milhões de casais podem ser inférteis no Brasil
casal mulher gestante
• Atualizado em
Publicidade

A técnica de fertilização in vitro provocou mudanças profundas na sociedade, possibilitando o nascimento de novos modelos de família. A repórter Fernanda Trigueiro conta a história de casais que realizam o sonho do primeiro filho, na segunda reportagem da série 'Bebê de Proveta: 45 anos'.

É o caso da Ana Carolina e do Eduardo. Foram dois anos de tentativas, sem tratamento, e dois abortos espontâneos. No último, ela recebeu a sentença: não poderia mais engravidar.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

"Ninguém ficou muito são na pandemia, e passar por isso, no meio da pandemia, foi pior ainda. Sofrendo aquele luto, aquela perda, dentro de casa, cheio de medos, anseios", ela lembra.

A analista de planejamento decidiu então lutar pelo filho. Exames revelaram o obstáculo: a endometriose, uma das principais causas de infertilidade feminina.

A membrana que reveste o útero, o endométrio, é expulsa naturalmente na menstruação. Na mulher com diagnóstico da doença, acontece o contrário. O tecido volta, invade ovários e cai na cavidade abdominal. Ana Carolina ainda tinha outro problema: "a reserva ovariana pouco mais abaixo do que é recomendado para minha idade".

No auge da fertilidade, aos 25 anos, a chance da mulher engravidar, em um ano, é superior a 85%. A partir dos 35 anos, 60%. Aos 40 anos, cai para 3%. Com 45 anos, a possibilidade é de apenas 1%, segundo uma organização americana que reúne profissionais da área.

"A hora que a pessoa imagina que metade da vida dela, 40, 45 anos para frente, ela não vai ter a possibilidade, ou essa possibilidade é muito pequena de ter filhos, de ser mãe naturalmente, ou mesmo o tratamento tem um caminho para seguir, uma jornada para seguir, isso gera esse conflito", afirma o ginecologista e obstetra Fernando Prado.

Aos 38 anos, Ana Carolina e Eduardo não tiveram dúvida. "A gente decidiu em conjunto pela fertilização", diz o marido. O tratamento durou três meses.

"Mexe muito com o psicológico, porque são muitos hormônios, afeta a vida do casal, porque gera uma expectativa muito grande, é um sonho muito grande, uma parte financeira também bem grande", acrescenta Ana Carolina.

Em abril de 2021, o sonho finalmente virou realidade. Caio chegou e preencheu a vida do casal. "Depois que ele nasceu, ele é toda minha vida!", conclui a mãe.

Um em cada seis casais têm dificuldade para engravidar, segundo a Organização Mundial da Saúde. A Fertilização em Vitro, também chamada de FIV, é a única esperança para essa parcela que corresponde a cerca de 20% da população.

O avanço da técnica também permitiu à mulher adiar a maternidade, sem perder a possibilidade de ter filho e, com ela, surgiram novos formatos de família. 
"Existem outros modelos de família, que são recentes, que só são possíveis por causa da fertilização in vitro. Muito característico é quando a gente fala dos casais homoafetivos, ou também pais solo. A única maneira deles conseguirem é se tiver uma barriga solidária, que pode até gestar um embrião de um deles, ou os dois, e assim os dois podem ser pais, os dois podem ter filhos também, mesmo nenhum deles tendo útero", explica o médico.

Foi o que aconteceu com Arthur e Vinícius. Há uma década, o Conselho Federal de Medicina garantiu o direito à gravidez homoafetiva. Casados há 4 anos, eles contaram com a ajuda de uma amiga. No ano passado, uma atualização das regras para reprodução assistida no Brasil permitiu que, na ausência de um parente de quarto grau, uma autorização do CFM libera que a pessoa sem parentesco possa oferecer a barriga solidária.

"A gente pegou dois embriões que a gente tinha fertilizado in vitro, um com o meu material e outro com o do Vinicius. Fertilizamos aqui, transferimos dois embriões para barriga solidária... ficou um. Ficou o Joaquim, a gente não sabe qual ficou. Mas, isso pouco importa também, e ele está aqui, desde então, para trazer alegria para gente!", conta o pai Arthur Correa.

Segundo o especialista em reprodução assistida, um terço dos tratamentos na clínica onde ele atende é para este perfil de família. Com um ano e nove meses, Joaquim veio para completar a felicidade da família. "Desde que ele chegou, as coisas são mais lindas, mais incríveis, é um sonho realizado", diz o pai Vinícius Caroli.

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade