Pedidos para mudança de nome e gênero de pessoas trans crescem 42,9% em SP
Entre 2018 e 2023, os cartórios de Registro Civil do estado registraram mais de 5.700 alterações
SBT News
Cinco anos após a autorização nacional para que Cartórios de Registro Civil realizem mudanças de nome e sexo de pessoas transgênero, o número de alterações cresceu quase 42,9% no estado de São Paulo e hoje totaliza mais de 5.700 atos realizados. Os números foram divulgados nesta 4ª feira (28.jun), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
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Regulamentada em todo o país em 2018, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a mudança de sexo em cartório passou a vigorar em junho do mesmo ano, sem a necessidade de procedimento judicial e nem comprovação de cirurgia de redesignação judicial, também conhecida como transgenitalização. Em seu primeiro ano de vigência -- junho de 2018 a maio de 2019 -- foram contabilizadas 1.228 alterações, enquanto no último ano foram registradas 1.755 mudanças de gênero.
O aumento progressivo se deve principalmente a conscientização das pessoas, que estão cada vez mais a par de seus direitos", explica Daniela Mroz, presidente da Arpen São Paulo. "Além disso, a vinda desse procedimento aos Cartórios de Registro Civil tornou todo o processo mais ágil, menos oneroso e mais acessível para todos", completa.
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Os dados dos Cartórios de Registro Civil do Estado de São Paulo mostram ainda que os dois últimos períodos de vigência da norma foram aqueles onde houve maior crescimento. No período de junho de 2021 a maio de 2022 houve um aumento de 45,9% em relação ao período anterior, quando os atos passaram de 740 para 1.080. O período seguinte, de junho de 2022 a maio de 2023, registrou crescimento ainda maior, com os números subindo para 1.755 alterações de gênero, um crescimento de 50,7%.
Entre as mudanças de gênero, as mudanças para o sexo feminino prevalecem. No primeiro ano da nova regulamentação -- junho de 2018 a maio de 2019 -- foram 678 mudanças do sexo masculino para o feminino, 515 do feminino para o masculino e em 35 casos não houve alteração. Já no último ano da norma -- junho de 2022 a maio de 2023 -- foram registradas 858 mudanças de masculino para feminino, 770 de feminino para masculino e em 127 casos não houve alteração de sexo.
Como fazer?
Para realizar o processo de alteração de gênero em nome nos Cartórios de Registro Civil é necessário a apresentação de todos os documentos pessoais, comprovante de endereço e as certidões dos distribuidores cíveis, criminais estaduais e federais do local de residência dos últimos cinco anos, bem como das certidões de execução criminal estadual e federal, dos Tabelionatos de Protesto e da Justiça do Trabalho. Na sequência, o oficial de registro deve realizar uma entrevista com o interessado.
Eventuais apontamentos nas certidões não impedem a realização do ato, cabendo ao Cartório de Registro Civil comunicar o órgão competente sobre a mudança de nome e sexo, assim como aos demais órgãos de identificação sobre a alteração realizada no registro de nascimento. A emissão dos demais documentos devem ser solicitadas pelo interessado diretamente ao órgão competente por sua emissão. Não há necessidade de apresentação de laudos médicos e nem é preciso passar por avaliação de médico ou psicólogo.