Felipe Neto: democracias estão ameaçadas sem regulação de Big Techs
Comunicador discursou sobre liberdade de expressão durante cerimônia na ONU
O comunicador e influencer Felipe Neto participou da abertura da cerimônia do 30º Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, nesta 3ª feira (2.mai), na sede da ONU em Nova Iorque. O evento, realizado pela Unesco, conta com palestras de executivos da mídia, jornalistas, ativistas da imprensa, entre outros.
Neto respondeu perguntas da jornalista Kristen Saloomey do jornal Al Jazeera. Veja abaixo o que disse o comunicador na entrevista:
- Regulação das redes sociais:
"As pessoas estão tentando entender como regular as Big Techs e como fazer as companhias serem responsáveis pelos posts publicados, mas é importante não atingir a liberdade de expressão. Temos que encontrar um equilíbrio, o que é o mais difícil. Mas estamos tentando regular as companhias em um aspecto geral e não no conteúdo individual", disse.
"O que precisamos fazer é tentar que as Big Techs criem sistemas de regulação dos posts para entender o contexto do que está sendo postado, e o algoritmo precisa de transparência", afirmou
- "O maior problema online":
Para Felipe Neto, as recomendações de vídeos e de posts são os maiores problemas, "de longe", da internet.
"As companhias querem te usar para vender anúncios e, por isso, democracias estão sendo ameaçadas. Se não focarmos as ações nos algoritmos, nós não vamos consegiur encarar o problema. As Big Techs têm que sentar com especialistas e pensar como prevenir anúncios de fazerem lavagem cerebral nas pessoas e, assim, os fazendo radicais, porque precisam de você mais tempo online".
- Radicalização online:
"Elas mostram posts e vídeos que vão te radicalizar porque é o jeito mais eficiente de te fazer ficar online".
Neto disse que sabe as dicas, diretrizes e caminhos que as Techs dão para grandes produtores de conteúdo para fazer pessoas ficarem vidradas na tela.
"Temos que entender como o sistema funciona e atacar esse sistema de algoritimos e precisamos que recomedações (de conteúdo) sejam destacadas como recomendações. Senão pessoas continuarão a ter fluxo de conteúdo radical e ficarão viciados em conteúdos que vão torna-las radicalistas"
- "Uma doença na internet":
"O autoplay (recurso que engatilha o início de um vídeo logo que outro termina) é uma das maiores armas que a radicalização usa para tornar pessoas nisso o que se vê hoje"
- Futuro digital:
"Nosso futuro será digital. É um pouco assustador, mas metaverso, inteligência artificial serão uma coisa forte. Foi feito para o bem, mas não há manual de instrução. Precisamos de educação digital para crianças e adultos. Crianças não são o foco central de educação digital, tem que ser os adultos, as pessoas que quando eram jovens nao estavam conectadas digitalmente"
- Acusação baseada em desinformação:
"Ser acusado pelas coisas que eu fui, foi a coisa mais diíicil que eu tive que lidar. eles tentam corromper sua alma e imagem para os seguidores. Então quando eu comecei a lutar contra o regime de Bolsonaro, tive que lutar contra uma indústria de desinformatção e difamação. Eles me acusaram de corrupção de menores, nao só de forma online, mas um investigador concluiu que eu eu era um corruptor de crianças porque nos meus vídeos antigos eu falava palavrões, assim, eu fui legalmente acusado".
- "Bolsonaro é um genocida":
"Quando não conseguiram me prender, eles tentaram me acusar de ameaça nacional porque chamei Bolsonaro de um genocida. Ele é um genocida e eu vou continuar falando isso ao redor do mundo. Pelos crimes que ele cometeu, ele tem que encarar um indiciamento genocida"
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