Publicidade
Brasil

Funcionários revelam descaso em hospital referência de Guarulhos (SP)

Denúncia exclusiva mostra o desperdício de dinheiro público no Complexo Hospitalar Padre Bento

Imagem da noticia Funcionários revelam descaso em hospital referência de Guarulhos (SP)
hospital
• Atualizado em
Publicidade

Denúncia exclusiva: funcionários revelam o descaso com o cidadão e o desperdício de dinheiro público no Complexo Hospitalar Padre Bento, em Guarulhos, na Grande São Paulo, que pertence ao governo do estado.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

Pacientes ficam internados durante dias no corredor, enquanto enfermarias inteiras e equipadas estão fechadas. Vários quartos têm leitos vazios. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a reportagem encontrou aparelhos com a manutenção vencida, e ainda faltam funcionários.

A unidade é referência no atendimento à saúde da população de seis municípios, cerca de 2,5 milhões de pessoas.

O complexo tem, segundo os próprios funcionários, seis enfermarias fechadas, com equipamentos novos e espaço suficiente pra atender a população. Só que elas ficam vazias. Enquanto isso, nos corredores, macas viraram leitos.

"Dias e dias e dias, o máximo que você consegue fazer é colocar para dentro da emergência quando tem alguma alta ou até mesmo um óbito". Esta é a rotina no Padre Bento, segundo o funcionário, que não mostra o rosto porque teme ser punido por falar a verdade.

"Já teve situação que a gente teve que dar banho no corredor mesmo, porque não tinha o que fazer. O máximo que deu para fazer, foi colocar biombo, que não é o correto, pedir para a segurança segurar o pessoal para não entrar. A gente pediu também para não ficar passando, naquele período ali, foi uma média de meia hora para poder dar banho nesses pacientes, tinha mais mulher, nesse dia, eram senhoras idosas", conta.

Quem trabalha diz que a justificativa da direção do hospital é de que falta pessoal para o funcionamento das enfermarias. A solução absurda, então, é deixar os doentes no corredor.

Os casos mais graves, que deveriam estar na Unidade de Terapia Intensiva, são mantidos no pronto-socorro mesmo.

Falta pessoal também no atendimento de emergência. Uma funcionária, sem saber que estava sendo gravada, afirma: "um intubado, sem calota. O outro, aqui, no meio do corredor, com uma convulsão e eu sozinha, aqui dentro".

Pra ficar clara a gravidade, o paciente sem calota tinha feito uma cirurgia pra descomprimir o cérebro e a calota craniana foi retirada.

Um outro problema absurdo acontece no Hospital Padre Bento: os equipamentos usados na emergência não recebem a manutenção necessária e obrigatória. Neste momento, pacientes em estado grave, estão lá dentro, ligados a respiradores com a calibragem e a manutenção vencidas desde 2021.

"Gravíssimo, porque o respirador ele vai ser a respiração do doente, né? Ele é a vida do doente, naquele momento, e se ele não funcionar, o paciente vai morrer, vai morrer, você pode fazer o que for, mas, não está funcionando", afirma um funcionário.

A bomba de infusão - que controla a quantidade de remédio, durante uma sedação, por exemplo, também está com a manutenção vencida.

O cardioversor, usado para dar choques e tentar reverter uma parada cardíaca, é outro que está com a manutenção atrasada há dois anos.

"Já teve situação, de o cardioversor não funcionar. foi preciso pegar três 'cardioversor' para poder verter um paciente, quase que foi perdido esse paciente".

E assim, pessoas doentes entram e saem do hospital público referência em Guarulhos, a segunda maior cidade do estado, com 1,4 milhão de habitantes. A unidade atende ainda outros cinco municípios da região.

Leia também:

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade