Polícia resgata 61 dependentes químicos de clínica acusada de tortura
Pacientes viviam em condições desumanas e sofriam maus-tratos no local
Fernanda Trigueiro
Mais de 60 pacientes foram resgatados de uma clínica de tratamento para dependentes químicos, na Grande São Paulo. A Polícia Civil apura os crimes de tortura e maus-tratos.
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"Não tem tratamento. o negócio lá é só paulada. ia reclamar de algum alimento ou de alguma coisa, os caras arrebentavam a gente na paulada, entendeu?". O relato é de um jovem que estava internado para vencer o vício nas drogas, e conheceu o lar de recuperação pelas redes sociais, só que as fotos divulgadas e a proposta de tratamento não condizem com a realidade.
Os 61 pacientes pagavam de R$ 800 a R$ 1.200 de mensalidade. As condições eram desumanas -- sem higiene nem estrutura médica. Os internos alegam que tinham limite de um minuto para tomar banho. A clínica funcionava sem a autorização da prefeitura de Itapevi, na Grande São Paulo.
Foi embaixo de chuva forte que a Polícia Militar e representantes do município chegaram para resgatar os pacientes. Nenhum funcionário foi preso.
A clínica de reabilitação e recuperação de dependentes químicos funcionava havia cerca de seis meses. Por estar em uma área rural e sem qualquer placa de identificação, a situação só foi descoberta depois da denúncia de um parente, que teria vindo fazer uma visita e se assustado com o que viu. Os pacientes, que sequer tinham acesso à água potável, afirmam que muitos eram agredidos e passavam a maior parte do dia dopados. Um dos internos cuidava dos demais -- sem preparo técnico para isso.
"Não havia qualquer profissional apto a atender as pessoas que ali estavam internadas. Não existia nenhum profissional da área psiquiátrica de saúde no local", afirma o delegado Dalmir de Magalhães.
Dois responsáveis pela clínica já foram identificados. A Polícia Civil pediu a prisão temporária deles.
"Enganaram a minha família, porque eu fui pra me tratar. realmente eu queria buscar tratamento. Eu quero mudar de vida. Só que como que você vai mudar de vida com um bando de cara desse usando a dependência química pra ganhar dinheiro e ficar rico nas nossas costas?", desabafa um dos pacientes.
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