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Brasil

Operação prende 14 suspeitos de comandar contrabando de agrotóxicos no RS

Dentre os membros da organização criminosa estão empresários e produtores rurais da região

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polícia apreende agrotóxico
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O jornalismo do SBT teve acesso a detalhes da investigação que resultou na prisão de 14 pessoas suspeitas de comandar uma quadrilha que contrabandeava agrotóxicos no Rio Grande do Sul. Dentre os membros da organização criminosa estão empresários e produtores rurais da região.

Uma das ações aconteceu em uma fábrica de pães artesanais. No local, a polícia encontrou 3 diferentes tipos de agrotóxicos, com rótulos em espanhol, dentro de um pacote de farinha. Catherine Schwartz Barcelos, de 28 anos, usava a fabricação de pães doces para lavar o dinheiro do contrabando.

O esquema criminoso passava de geração em geração. A mulher que foi presa na ação policial entrou no negócio no ano passado, depois que o pai morreu vítima da covid-19.

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Em uma conversa interceptada pela polícia, um dos sócios ensina Catherine a manipular os produtos. "[sic] É 'dois pacotinho'. Tu abre e bota meio quilo do 30, e tá pronto. Teu pai também gostava só desse aí, entendeu? E eu também, só pego desse aí", ele explica.

A quadrilha, chefiada por produtores rurais e empresários, tinha base em São Luiz Gonzaga, município de 34 mil habitantes que fica quase na fronteira com a Argentina. De janeiro a agosto, o grupo movimentou R$ 25 milhões em contas bancárias de "laranjas".

"O dinheiro que eles auferiam com esse comércio ilegal todo, né, ele entrava muitas vezes nesses empreendimentos, por exemplo, nessa loja de roupas, entrava nessa fabricação de cucas", relata o delegado Heleno dos Santos.

Até uma psicóloga participava do esquema. Ela foi presa na casa luxuosa onde mora, em Passa Fundo. Sem levantar suspeitas, a mulher conciliava a profissão com a função de "falsificadora de embalagens".

Por mensagens de áudio, produtores rurais faziam as encomendas para a quadrilha. Um deles pede um agrotóxico de alta concentração. "[sic] Se tivesse como me arrumar 10 quilos só 'do 5'. Do jeito que vem lá, sem embalagem, sem nada. Se der, né? Se não der, tudo bem, não tem problema nenhum. Meu cliente tá apavorado, e tá me ligando de novo pra mim", diz um dos produtores.

Em outra conversa, o próprio contrabandista assume que o pedido é descabido. "[sic] Esse aí é o mais concentrado que tem, que pega tudo que dá na lavoura. Daí eu não entendo 'esses produtor'. Não sei o que eles querem matar. Que coisa mais forte! Querem matar a gente, de certo", responde o criminoso.

Em 2021, o Rio Grande do Sul se tornou a principal porta de entrada de agrotóxicos ilegais. Os produtos atravessam a fronteira da Argentina e do Uruguai. Depois, são distribuídos para todo Brasil. "Eles sabiam o que estavam vendendo, e o produtor sabia o que estava comprando", acrescenta o delegado.

Proibido no Brasil e na maior parte do mundo, mas cobiçado pelos produtores rurais. Na segunda parte da reportagem, nesta 6ª feira (16.dez), os detalhes sobre o Paraquat, principal agrotóxico contrabandeado no país.

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