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Brasil

Subnotificação das mortes de gestantes e puérperas é de 40% no Brasil

Falta dos dados atrapalha a criação e a aplicação de políticas públicas mais eficazes

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Um estudo inédito revelou que quatro em cada 10 mortes de gestantes e puérperas não entram nas estatísticas de mortalidade materna do Ministério da Saúde. A falta dos dados atrapalha a criação e a aplicação de políticas públicas mais eficazes.

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As gêmeas estão bem, com saúde, e a mamãe, agora, também, mas foi um susto e tanto. Aos oito meses de gravidez, Daniela Schultz de Jesus infartou: "eu senti uma forte dor nas costas, uma pressão muito grande que irradiava para ombro, que veio em direção à boca do estômago", conta.

O parto foi feito de emergência e, em seguida, a cirurgia no coração. O que aconteceu com a Daniela mata muitas gestantes, como explica a coordenadora do Núcleo de Cardiopatia e Gravidez do Instituto do Coração de São Paulo.

"Na gravidez existe uma sobrecarga ao coração, há aumento do volume sanguíneo, aumento da frequência cardíaca. Uma mulher normal, saudável, tolera essa carga hemodinâmica, mas uma mulher com problema cardíaco, isso pode desencadear complicações, inclusive fatais", afirma a médica Walkiria Samuel Avila.

Muitos casos de mortes sequer são registrados nas estatísticas corretas segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro ao analisar as mortes maternas registradas no Ministério da Saúde. Nas estatísticas, entram ocorrências durante a gravidez, e até 42 dias após o parto. O observatório recomenda mudanças para reduzir a subnotificação.

"Existem mortes maternas até 42 dias que não estão incluídas nas mortes maternas e existem mortes maternas que acontecem de 43 dias até um ano e que nós precisamos dar uma visibilidade maior", afirma Rossana Pulcinelli Vieira Francisco, professoa de obstetrícia da faculdade de medicina da USP. 

Para a médica, também devem ser considerados óbitos por suicídio e violência doméstica: "quando nós olhamos para mortes de gestantes e puérperas até um ano, nós estamos olhando também para a questão social, de todo o impacto que tem de uma morte materna na vida dessa criança e, por outro lado, o olhar para as mortes por violência e por suicídio também é importante para que nós possamos definir políticas públicas eficazes pra essa situação".

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