Imigrantes haitianos denunciam cobrança de propina em embaixada brasileira
Mais de três mil famílias haitiana tentam trazer filhos pequenos e outros parentes para o Brasil
SBT Brasil
Mais de 3 mil famílias haitianas que moram no Brasil enfrentam um drama para trazer os filhos pequenos e outros parentes para o país. Os imigrantes denunciam a cobrança de propina para conseguir vistos na embaixada brasileira em Porto Príncipe.
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Joel Saint, imigrante haitiano que veio para São Paulo em 2016, e a companheira Laurise, que chegou ao Brasil três anos depois, estão legalizados, têm emprego e residência fixa, mas os filhos de 11 e 8 anos ficaram em Porto Príncipe com os tios porque, apesar das inúmeras tentativas, as crianças até hoje não foram autorizadas a vir para o Brasil. Joel conta que há seis anos não vê os filhos, apenas em conversas pelo celular.
A Lei de Imigração Brasileira assegura ao migrante o direito à reunião familiar com o cônjuge ou companheiro e seus filhos, familiares e dependentes. O processo é todo realizado no Haiti. Os parentes precisam agendar um horário na embaixada brasileira em Porto Príncipe e entregar a documentação. Contudo, é quase impossível cumprir o trâmite por meios legais, afirma Fedo Bacourt, presidente da União Social dos Imigrantes Haitianos. "Não tem agendamento e por fora tem que pagar um coiote, uma pessoa, entendeu? Tem pessoas que pagam 4 mil, até 5 mil dólares para conseguir o visto", afirma Bacourt.
O advogado da entidade, Francisco de Assis da Silva Filho, confirma a denúncia: "há a notícia de que se consegue esse visto por meio de pagamento indevido". Quando questionado sobre quem estaria cobrando esses valores ilegais, Francisco conta que são os brasileiros que trabalham na embaixada.
O agendamento é feito pela Organização Internacional para as Migrações (Oim), ligada à ONU. Cabe a embaixada, depois, conceder ou não os vistos. A Oim justifica o tempo de espera pela alta demanda. O Itamaraty afirma que tem trabalhado para evitar fraudes, que as denúncias de propina foram apuradas em 2020 e foi concluído que qualquer cobrança irregular ocorria sem o conhecimento da embaixada.
O fato é que os haitianos não conseguem vir para o Brasil. Por isso, a associação da comunidade em São Paulo entrou na Justiça para que os que requerem a reunião familiar sejam dispensados de visto. O Ministério Público Federal se posicionou favoravelmente ao pedido. A Justiça ainda não tomou uma decisão.
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